C6 Fest exibe música pra todos os gostos

Presenciamos o domingo 25 de maio, onde várias bandas se destacaram no evento

RESENHA

German Martinez

6/27/20257 min read

Em sua terceira edição o C6 Fest vem atraindo cada dia novos fãs pro seu festival, além de ser feito num local amplo como o Parque do Ibirapuera, e ele abrange uma gama de artistas dos mais variados.

O evento já começaria na quinta feira e se estenderia até domingo, o dia que fomos escalados pra tal responsabilidade. O icônico Parque do Ibirapuera, seria pano de fundo pra esta edição do festival, localizado no zona sul de São Paulo. O palco principal Arena Heineken era gigantesco é posicionado abaixo do Auditório do Ibirapuera. E a Tenda Metlife, essa sim, estava "bemmm" distante da Arena, levando aos espectadores saírem dessa área, caminharem passarem por revista, às vezes inadequadas, já que havia ocorrido na entrada. E causando um pouco de bagunça já que a pulseira teria que ser validada toda vez que você se locomovesse entre os palcos. Enfim, um tanto quanto desgastante e aliado às distancias.

A Tenda Metlife daria espaço pra artistas mais alternativos, no nosso consentimento. Enquanto passeávamos pelo local, com inúmeros banheiros químicos pelas áreas, muitas opções de comida pra todos os gostos e bolsos, haviam também os locais "instagramáveis", o que seriam os festivais da atualidade sem esses "mimos". Obviamente com espaço bem menor, a Tenda Metlife, com cerca de capacidade pra 5 mil pessoas, recebeu uma das maiores revelações do momento, o English Teacher, que logo causou um frenesi em seu público quando entraram. Tiveram músicas cantadas, mesmo que com um público ainda tímido.

Na Arena Heineken, passaram artistas como Cat Burns e o coletivo ganês Superjazz Club, que conseguimos ver um pouquinho, numa performance que muito lembrou o Boyz ll Men, guardadas as devidas proporções. Um descanso pra respirar e rodar pela belíssima vista do festival, até dar de cara pra Tenda Metlife lotada, pro The Last Dinner Party, público totalmente extasiado, cantando tudo, derrubando lágrimas, pra um show, que realmente nos impressionou, o sexteto fez uma performance impecável como uma espécie de Art indie rock, trouxe esse interesse do brasileiro e o fez tornar parte do show. Um dos melhores shows do dia.

E festival é isso, empurra pra lá e pra cá, uns saem, outros chegam, com um clima já frio, Seu Jorge faria sua apresentação na Arena Heineken. E nós acabamos ficando pela Tenda mesmo, já que a última performance do dia lá, seriam do norte- americanos do Wilco. E se no show anterior tínhamos a presença marcante e massiva de garotas e jovens, desta vez foi substituído por homens de meia idade que se aglomeravam em frente ao palco.

Com uma rápida troca de palco, a equipe veloz da banda posicionou tudo, e precisamente às 18:30, Jeff Tweedy adentrou ao palco com seus companheiros. E o que dizer deste momento? A banda já não tocava no Brasil desde 2012, e a chama do Indie Rock estava nas mãos de Tweedy. Na ocasião a Editora Terreno havia sorteado alguns felizardos com seu livro Vamos nessa (para podermos voltar), autografados.

O que vinha na nossa cabeça era: "Como farão o show aqui? Já que lá fora dura cerca de 2:30 de repertório? Quais as faixas serão escolhidas?".

Sim, mas e o show? Eram muitos questionamentos até que abririam com a lindíssima Company In My Back, seguida de Evicted com aquela pegada Dylan de Tweedy, e as guitarras dando show á parte. O lado Beatles veio com Handshake Drugs, e a melancolia de At Least That's What You Said. O que o Wilco trouxe pro C6 Fest, foi uma catarse coletiva, ver que os fãs ultrapassam gerações, e se viram muitos jovens com interesse na banda.

Era hora do nosso favorito Yankee Hotel Foxtrot, com I Am Trying to Break Your Heart, totalmente cirúrgica, indo diretamente no coração. A brisa e pôr do sol viriam em If I Ever As Child, que embalou a nossa vinda até o festival. O que se viu no palco foi um desfile de guitarras lindas e violões, que ajudavam a embelezar ainda maís as belíssimas canções do grupo. Mediante tal empolgação do público, Jeff Tweedy chegou a dizer, porque não moravam por aqui.

Com o clima lá no alto, só a intro de Pot Kettle Back bateu forte na mente, botando todo mundo pra dançar. Em Hummingbird, foi inacreditável, a melodia, Jeff crescendo com seu vocal, e o público cantando em uníssono. Teve também Bird without A Soul/Base Of My Skull. Ether Way, conquistou até o mais desavisado. Até que Nels Cline e Pat Sansone roubassem a cena em Impossible Germany, na disputa de guitarras.

E pra quem é mais velho (assim como nós) vibrou em Box Full Of Letters, do álbum AM, nosso primeiro contato com o grupo. Annihilation, foi linda. A única faixa de Summerteeth, de 1999, foi Via Chicago, mais que valeu demais, emblemática e emocionante do início ao fim. Veio a intro espetacular de Jesus, Etc totalmente apoteótica.

I'm The Man Who Loves you, quase um R&B, com guitarras afiadas.

O fim estava próximo, o que mais a gente poderia querer do que Heavy Metal Drummer, com a galera agitando e fecharam com Spiders (Kidsmoke), com o público interagindo com a melodia, momento único. Naquele momento nosso questionamento era porque o Wilco havia demorado tanto pra voltar ao Brasil, uma banda que se faz necessária desde seu surgimento e que tem canções e discos obrigatórios dentro do estilo, e que a gente queria ter como amigos.

Acabou e com tempo, deu pra "subir" pra Arena, onde o show principal seria nada mais, nada menos que Mr Nile Rodgers, o mago das guitarras do Chic, produtor, e compositor de inúmeros clássicos da música nas últimas 4 décadas.

Com um espaço bem maior, pudemos ir procurando um lugar bacana pra ficar e poder assistir com um certo conforto, já que a noite estava bem fria. Mas acontece que sabíamos que seríamos aquecidos pelo ritmo e canções de Nile. E tudo se concretizou, o monstro sagrado adentrou o palco munido de sua Stratocaster desgastada pelo tempo. Como diria o mestre Kl Jay, o Chic é a banda mais perfeita do Funk norte americano, e quem somos pra discordar e não assinar embaixo.

É incrível a conexão que nós, pobres humanos, temos com a música, as recordações sejam elas boas ou não, mas a música tem esse poder, e no caso do Chic, nos traz ótimas recordações das festas dos anos 80, onde todos dançavam as coreografias, as canções tocando no rádio, ou em algum filme.

E estamos falando de no mínimo uma década depois do estouro do Chic, a performance se iniciou com Le Freak, talvez o maior sucesso do grupo. Em Everybody Dance, o C6 Fest se transformou numa gigantesca pista de dança dos anos 70, faltando só os globos das danceterias pra tudo ficar do jeito que deveria ser.

É impressionante o repertório de sucessos de Nile, qualquer faixa que ele toque automaticamente ela está no seu inconsciente ou ela te marcou de alguma forma na vida. E ouso dizer que são poucos artistas que conseguem tal proeza. E digo isso ao som de I Want Your love & Dance, Dance, Dance.

Nile fala da sua amizade com Diana Ross pra destilar I'm Coming Out. Hit absoluto da diva ainda nos anos 70. Emendando com He's Greatest Dancer, essa com riff sugado por Will Smith em seu maior hit Gettin' Jiggy With It, e We Are Family, hits instantâneos do Sister Sledge que Nile contribuía na época.

Com sua parceria com Madonna, a galera foi ao delírio, com a execução de Like A Virgin e Material Girl, sucessos do segundo álbum da cantora. Nile chamou a banda pra responsa e o tecladista cantou a maravilhosa Modern Love, do gênio David Bowie, enquanto no telão se passava um carrossel de fotos de Nile com suas parcerias e amigos de toda sua carreira.

Beyoncé não faltou com Cuff It, quando todos se deram conta já estávamos num dos maiores hits dos último milênio Get Lucky, do Daft Punk. Mais uma parceria do Sister Sledge em Lost in Music. Um dos momentos mais aguardados (pelo menos pra nós) era Notorious do Duran Duran, do qual Nile trabalhou com a banda, além do hit The Reflex.

A parceria é antiga já que o Duran sempre teve como uma das maiores referências o Chic. As vocalistas Alfa Anderson e Luci Martin são um show á parte, além da presença marcante no palco, elas adornam as canções ainda mais. Vieram mais hits desta vez com o Sister Sledge. Mandou uma trinca com: My Feet Keep Dancing, Chic Cheer, My Forbidden Lover. E finalizou com Good Times.

Com um frio estridente, ninguém arredou o pé até o fim da performance implacável de Nile, uma verdadeira aula de Black Music, Pop e alegria contagiante. E assim finalizamos o C6 Fest, já visando o próximo ano que seja repleto de atrações como foi esta edição.