Festival Banda de Casinha estreia sua edição internacional trazendo Tiny Moving Parts.
Pela primeira vez no Brasil banda norte americana que mistura Math rock com hardcore encanta em única apresentação.
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Texto - Fotos por Raissa Corrêa
7/27/20255 min read


Nem sempre é fácil agradar essa nova geração de ouvintes do expoente Emo porém um festival tem sido destaque entre os jovens- e os não tão jovens- que entre riffs marcados e acelerados gostam de letras sentimentais e quase que biográficas do cotidiano. Assim com bandas que seguem esse "padrão", se formam os line-ups das edições do Banda de Casinha, idealizado pelo site Downstage e por uma equipe antenada em tudo que está em alta, liderados pela DJ Beatriz Vaccari.
Com edições consolidadas em São Paulo, Curitiba e Rio de Janeiro chegou o momento de alcançar novos voos e em parceria com a New Direction Productions tivemos a edição Banda de Casinha Internacional que trouxe como headline a Banda Tiny Moving Parts.
A banda norte-americana que mistura math rock com letras biográficas, carregadas de influências do emocore apresenta em sua temática forte relação com experiências pessoais, amizade e, principalmente, saúde mental ponto extremamente sensível porém abordado de forma sutil e delicada. A estreia aconteceu em 13 de Julho na casa Rockambole, localizada no bairro de Pinheiros, zona oeste de São Paulo. E como de práxis a abertura ficou por conta de três bandas do interior paulista, novas na cena escolhidas a dedo pela curadoria para completar a noite e tornar tudo ainda mais original seguindo a proposta do Festival.




A primeira delas foi a Zero To Hero, banda de Taubaté, que, aposta em um som técnico com destaque nos riffs de guitarra.
Com início as 17h20 o público ainda chegando no local prestigiou a primeira banda que mesmo com um setlist curto de apenas 7 músicas demonstrou dedicação e entrosamento em sua apresentação. Logo de início "Jimmy neutron, boy neutral", deixou o presentes animados e interessados mas foi com "Emotional Flatlining", que os fãs presentes se emocionaram e acolheram a banda.




Em seguida, subiu ao palco a conhecida pelos frequentadores de outras edições do Banda de Casinha, Chão de Taco, banda de Piracicaba que vem apresentando seu trabalho em alguns shows na capital paulista e com isso criando uma boa base de fãs, sem dúvidas como sendo a abertura de shows com ingressos esgotados- como aconteceu com o do Menores Atos no Hangar 110 em comemoração aos 10 anos do disco Animalia- foi um dos principais shows da noite. Com uma sonoridade que mistura emo, rock alternativo e shoegaze, o grupo não decepcionou os fãs presentes e trouxe em seu repertório letras emotivas e reflexivas- apesar de triste, como eles mesmos definem- que arrancou coros sinceros de quem estava assistindo.
Canções como “Tempo da inocência”, “Não Vai Embora” e “Se você quiser” conquistaram a platéia que esboçou as primeiras reações do que aconteceria a seguir.




Finalizando as aberturas a piracicabana Glover mostrou que tem- e muito- potencial para ser uma das possíveis revelações do emo nacional. A casa que nessa hora estava cheia, se animou e fez uma troca de energia incrível com a banda. Músicas do EP Dessa Vez é de Verdade, como “Jazz Clube”, “Webamigos para Sempre” e “Tranquilin”, fizeram o "esquenta" perfeito e deixaram o ambiente preparado para os anfitriões da noite, a animação gerou moshpits, stage diving e coros empolgados que trouxe uma atmosfera aquecida e deixou os que não conheciam a banda surpresos e curiosos.




Com a casa já cheia e sem atrasos Dylan Mattheisen (vocal e guitarra), William Chevalier (bateria) e Matthew Chevalier (baixo) subiram ao palco e logo de início provocaram êxtase nos presentes, bastou poucos acordes da guitarra de Dylan- que diga- se de passagem é um músico incrível e super técnico. Stage divings começaram a surgir, “The Midwest Sky” mal começou a ser tocada e já foi recebida com euforia e coros ensurdecedores. Na sequência, “Always Focused” manteve o ritmo avassalador deixando a banda ainda mais empolgada para entregar o melhor que podia, “Applause” elevou ainda mais a energia, e um moshpit digno de Tiny Moving Parts se formou no meio do salão da Rockambole. As seguintes “North Shore” e “Before I Go” mantiveram o público em estado de euforia intensa, e nem mesmo “For the Sake of Brevity” que é uma canção pouco mais contida devido a narrativa conseguiu diminuir a energia que estava presente no ambiente.
Com o instrumental perfeitamente técnico, presença de palco incrível- os três super entrosados e carismáticos- o que se notava era a felicidade em que estavam por tocarem pela primeira vez no Brasil, o vocalista Dylan não tirava o sorriso do rosto nem por um minuto e a todo momento dançava, levava sua guitarra ao público, incentivava os coros e trocava figurinha com seus companheiros de palco, o clima era de muita cumplicidade e amizade em cima do palco e entre o público que se ajudava nos stages.




O setlist incluiu faixas como “Common Cold”, “Day Drunk”, “Feel Alive” e “Sundress” trazendo o melhor do math rock e do emo, enquanto o público respondia à altura, acompanhando cada música sem demonstrar o mínimo cansaço a banda fazia jus ao serem considerados os novos rostos do segmento.
No bis, durante a execução de “Medicine”, Dylan foi além e no momento que pode ser considerado o de maior êxito, se jogou em um stage diving, encerrando a noite da melhor forma possível carregado pelos fãs.
O Tiny Moving Parts chegou ao Brasil sem muito alarde e aqueceu o coração de todos os presentes na Rockambole naquele finalzinho de domingo. Torcemos para que retornem para uma turnê maior, com outras datas e com a mesma energia que testemunhamos.