Integrity uma noite de peso em meio a caótica São Paulo
Quarteto norte americano fez sua estréia tardia no Brasil
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Texto German Martinez - Fotos Raíssa Corrêa
11/3/20255 min read


Se fôssemos traçar um paralelo ao que aconteceu neste domingo (26/10), na Burning House, foi que o Integrity, assim como Earth Crisis trouxeram o resgate dos primórdios do MetalCore norte-americano ao Brasil, a primeira (banda) vinda de Cleveland (Ohio), e escavando o estilo Holy Terror na época que surgiu e a outra de Nova York. A importância de ambas as bandas pro cenário é inenarrável, e num curto espaço de tempo a própria New Direction Productions as trouxe para deleite dos fãs de música pesada.
É verídico que seria muito difícil vermos a banda liderada por Dwid Hellion, único remanescente da formação clássica, numa noite em São Paulo. E essa oportunidade acabou se tornando realidade. Tocando pra um público sedento e realmente disposto a ver os riffs violentos. A Burning House, foi a responsável pela recepção, a casa de shows situada na zona oeste da capital, ao lado da estação de trem Água Branca, local de fácil acesso, já não era necessário caminhar mais que um quarteirão pra chegar até o devido local






Infortuno
Devidamente prontificada no horário estipulado, o Infortuno, banda que tem o vocalista Rodrigo Luz, faz um som brusco com referências obviamente ao Hardcore, com pitadas de Death, e caindo até pro Doom Metal, mas com o habitual lado soturno da coisa.
Numa das faixas tiveram a participação especial de Guilherme "Kirk" Dutra, da xClavax/Liträo, em Night Is My Witness. Destaque pra Deus da Dor, uma das mais imponentes canções do setlist.
Como o próprio vocalista Rodrigo dizia, a banda não era de muitas palavras e ele já antecipava o nome das faixas pra que o grupo proliferasse a próxima porrada. Um show que demostrou que o cenário paulistano segue gerando ótimas bandas, independentes de nichos.






Obsoletion
Na sequência, e bastante diferente do que conhecíamos a banda, era hora do Obsoletion, mas na verdade também já fazia mais de 7 anos que não víamos o grupo em ação, e agora com novo vocalista, que assumiu o posto e tiveram o lançamento do mais recente EP End Screen, a banda como quinteto faz um som extremamente dilacerante, com direito a abertura de uma versão violenta de Symptom Of Universe, do Black Sabbath.
Já pelo anterior material, o álbum homônimo o grupo se aventurava pelo som animalesco que permeia pelo Blackened Hardcore Punk, por mesclar tudo num liquidificador sonoro. Inclusive o álbum foi eleito aqui no RZ, como dos melhores do ano passado. Som bruto e denso, sem tempo pra firulas.
Integrity
Todo mundo realmente aquecido, pra quando o trio do Integrity se posicionou e alinhou seu som, bem diferente das formações que estávamos acompanhando via YouTube ou redes sociais, o grupo que veio Brasil, era composto por Alex Gibbs no baixo, Camille Gaudou na bateria, Asa Dunn na guitarra, até que Dwid subisse ao palco, logo de cara levou o povo ao delírio (ou poderíamos dizer ao mosh) com a patada de Vocal Test, uma das faixas mais importantes do espólio do grupo.
A aterrorizante Hollow, fez com o The Humanity is The Devil fosse lembrado, e daí pra frente foi de suar a camisa, mesmo pra quem estava fora do olho do furacão no meio da roda. O palco parecia estar eletrificado porque a voltagem que a banda transmitia pro público era algo de chocante. Com uma brutalidade ímpar vociferaram Psychological Warfare, seguida da belíssima Sarin.




Dwid falava da importância de tocar no Brasil, de como era bom ter essa interação de público e banda. Também falou de algumas bandas seminais do HC norte-americano, dos quais eles dividiram palco e eram contemporâneos.
Sendo a faixa única a ser tocada do disco Howling, For The Nightmare Shall Consume, a paulada foi ao som de Hymn for The Children Of The Black Flame. Decidiram ir pro repertório lá lançado no novo milênio, e executaram Taste My Sin. O lado sujo da fase Systems Overload, teve Incarnate 365, como uma das melhores da noite. Se o público estava se degladiando na pista, o grupo já derrubava baldes de suor, Dwid tinha sua camiseta banhada em suor, pra chamar a responsabilidade de Abraxas Annihilationn, mais uma pedrada do Humanity.
Antes de anunciar uma das mais aguardadas da noite, Dwid dedicou a faixa ao Sepultura contando que foi amigo de Derrick Greene na infância e chegou a ser vizinho de Iggor Cavalera e disparou Systems Overload, que é inenarrável a sinergia que houve nesse momento entre público e banda. Quase metade do show já tinha ido, já que víamos no relógio que pouco mais de 30 minutos haviam se passado, e quem é queria respirar? Eles? Nós? Não, ninguém, e Rise veio como uma janela estilhaçada rasgando a pele de qualquer um.






Sem qualquer tipo de piedade emendaram uma sequência de faixas que envolveram Diseased Prey Within Casing e a impecável Judgement Day, uma das maiores pérolas do grupo.
Talvez a mais aguardada seria esta, mas depois da catarse de Hollow, Judgement Day e Systems Overload, era difícil que algo sobresaísse, mas sim, veio Micha: Those Who Fear Tomorrow. Em muitos momentos a galera subia no palco e queria cantar com Dwid, mas como alguns não sabiam as letras, ele os devolvia pra baixo, pra que fossem ao pogo.
Dwid apresentou os integrantes da banda, chegando a comparar seu guitarrista Dunn com Eddie Van Halen, onde floreou algumas notas como o falecido Eddie, num dos momentos mais engraçados da noite. Apresentações á parte, o que tanto banda como público queria saber é que o pau cantasse, e não pegaram leve com Jagged Visions Of True Destiny.






O vocalista convidava as garotas pra frente do palco, e engataram covers de peso como Hybrid Moments, da fase clássica dos Misfits com Danzig e prestaram tributo ao geniais Project X, banda nova iorquina, com a seminal Straight Edge Revenge, uma paulada curta.
E foi assim, com uma hora cravada de performance, que o Integrity, veio, destruiu e se despediu. E deixou todos á vontade pra rumarem pra casa, após um apocalipse sonoro em suas cabeças.

