Interpol celebra atmosfera do indie e pós punk de casa cheia
Grupo norte americano explora seus dois primeiros discos, dividido em duas noites em São Paulo
RESENHA
German Martinez / Fotos por Stephan Solon
6/13/20244 min read
O dia 07/06, sexta feira na capital paulista era o primeiro dos escolhidos dos norte americanos do Interpol de realizarem 2 shows comemorativos, onde celebravam os discos "Turn on the bright lights", de 2002 e "Antics", de 2004.
De forma acertiva a Move Concerts apostou na Audio Club, que foi a casa que os recepcionou, bem localizada e com um capacidade boa pra realizar tais apresentações. Com um público com uma quantidade tímida próximo de uma hora antes da horário do show marcado, a casa foi gradativamente foi tomada e era o que todos esperávamos.
Esqueça que estamos em 2024, o que importa é que estamos vivos e sobrevivemos á muita coisa. E pra adentrar esta história, precisamos entrar numa cápsula do tempo.Em 2001, vivíamos os resquícios do estrondoso sucesso do "Is this it", o álbum que marcava a estréia do The Strokes, com todo esse fervor de um novo cenário que se formava não só nos Estados Unidos. A cena nova iorquina vinha se engrandecendo cada dia mais, onde ganhava os holofotes de mídia ao redor do globo terrestre
Num intervalo de 2 anos, o Interpol lançou 2 discos que viriam a se tornar clássicos e atemporais que registraram àquela época. Em 2002 saiu "Turn on the bright lights", que já na época havia causado um enorme frisson devido á mescla de canções melancólicas e rápidas de sufocar. O Interpol sempre soou como a mais "inglesa", das bandas desse nova safra, ao lado de grupos que também disputavam as paradas como The Libertines, Franz Ferdinand.
Do lado americano, a banda concorria ao lado de bandas como Wilco, Dandy Warhols, Black Rebel Motorcycle Club, Yeah Yeah Yeahs, e nomes de peso como Queens Of The Stone Age, Weezer, e Red Hot Chili Peppers que também estavam lançando grandes discos nos primeiros anos do novo século.
Mas um caso á parte foi a forma de abordagem das letras de Paul Banks, o líder e vocalista da banda, sempre se destacou por conseguir transcrever tantas emoções em canções que se tornaram "hits instantâneos". Ainda que a banda tenha mudado nesses mais de 20 anos, mas com o mesmo brilho de outrora o Interpol entrou no palco pra destilar as canções do álbum de estréia, e logo de cara tivemos faixas como: "Specialist", uma das mais emblemáticas da banda, que virou trilha sonora de seriado bem sucedido nos EUA. A sequência viria "Say hello to the angels'.
O público respirava e via que realmente tudo estava acontecendo e não era um sonho ou "Deja vu" remetido aos anos 2000, em Nova York. "Obstacle 1", um dos maiores hits do disco e da banda, que junto do cenário impecável no palco que brincava com as cores do "Turn on the bright lights", vermelho e preto. "NYC", desacelerou tudo, e ampliou as expectativas nas próximas canções que foram "Roland" & "Hands Away".
Desconfiados de um fim próximo, veio "PDA", com todo aquele aspecto sombrio e aquela batida "á la Joy Division". Encerrado tal momento, era hora do "Antics".Foco no tecladista Brandon Curtis, que executa a introdução de "Next Exit". Brilhante segunda faixa do álbum escolhido. É difícil dizer qual será a grande canção da banda, é também importante citar que a banda não acabou, e tem uma discografia seguinte de muita qualidade. Então são várias faixas que ganhariam essa notoriedade, mas "Evil", foi cantada em uníssono, e trouxe uma energia surreal ao local, numa das letras mais carregadas de emoção que Paul já fez.
"Narc" e "Take on a cruise", colocaram o tapete vermelho pra tal perfomance. Entre uma faixa e outra Paul Banks tímido, agradece ao público. Canhões de luzes, tudo como se fosse uma festa regada á muitas drogas lícitas e ilícitas na metade dos anos 2000. Pra dançar ao som de "Slow Hands", icônica canção da banda. Destaque pra Daniel Kessler na guitarra.
Setlist idêntico ao repertório do álbum, "Not Even Jaill", "Public Pervert', até a apoteótica "C'mere", que é uma das mais belas canções daquela fase. Com clima de despedida, "Lenght of love", "A time to be so small". O fim chega com "Untitled".
Saímos da cápsula que citamos no início de texto, pra ver também que muita coisa evoluiu, principalmente pela internet muitos não estariam aqui, nem público, nem imprensa. Mas o público ainda exagera nos registros de celulares não dando espaço pras sensações que um show pode te proporcionar. E acabam incomodando muitos ao lado, que só querem "sentir" tal sensação.
Enfim, nada disso tira o brilho da perfomance que o Interpol fez nesta noite.