Madball: vitalidade e longevidade no hardcore

Quarteto nova-iorquino agitou a segunda feira na capital paulista

RESENHA

Texto German Martinez - Fotos por Tiago Rossi

12/12/20244 min read

Entre o alvoroço e críticas, a vinda do Madball ao Brasil era motivo de conversas entre adeptos ao estilo, a vinda pra um show único era celebrada, mas numa segunda feira causou desconforto pra muitos que gostariam de ver Freddie & Cia.

A pergunta é que, era o Madball na segunda feira, ou nada? A curtíssima passagem do grupo nova iorquino pela América do Sul, resultou na passagem pelo Chile, Colômbia, Argentina e Brasil, no início da semana.

Eis que o momento era totalmente oportuno pois a turnê que se arrasta por vários outros locais é a celebração do icônico "Set it off", de 1994, talvez a maior "pedrada" da história do grupo.

Set It Off ao lado de Urban Discipline do Biohazard e Scratch The Surface, do Sick of it All, construíram o que seria o Hardcore Nova York. Discos que revolucionaram pelo seu conteúdo á época.

Chamados aos 45 minutos do segundo tempo pra ser a banda de abertura, o Abulia, o sexteto do interior de São Paulo, mais precisamente São José dos Campos, que até então desconhecíamos, mostrou um tremendo de um HC de categoria. Privilegiando canções de todas as fases do grupo, que possui mais de 15 anos de estrada.

Com a casa ainda se preenchendo, o Paura, com um breve atraso, subiu ao palco depois de ter sofrido problemas no Chile, onde tocaram com o próprio Madball, no domingo.

Instituição reconhecida no Hardcore não só paulistano, mas latino americano, o Paura, traz uma potência impecável. Com a guitarra monstruosa de Rogério do lado direito e a de Bira no lado esquerdo, fazem as paredes sonoras pra destruição da cozinha.

O setlist é impecável, passeando pela discografia da banda, e com várias faixas do magnífico Karmic Punishment, o mais recente e poderoso disco do quinteto. E começaram os primeiros stage dives. Nitidamente cansados pelo fato ocorrido, a banda não deixou a peteca cair e deixou o seu legado pra todos que queriam vê-los.

Por cerca das 21:00 os integrantes do Madball, com exceção de Freddie, já alinharam seus instrumentos e só aguardavam a hora certa que começaria a "porradaria". Tanto que o guitarrista Mike Gurnari, como baixista Brendan Porray, trouxeram a tiracolo pré-amps, uma tática muito usada lá fora, pra dar um belo "boost" de peso e timbre somados á potência de amplificadores.

Logotipo da banda no telão, até que Johnny Cash tocava nas caixas pra intro que viria de cara com o riff de Set It Off que era destilado, só por essa canção todo show já valeria a pena. Já era um começo caótico, com os fãs fervorosos já começando os primeiros agitos. Freddie adentrou o palco ostentando a camiseta dos magníficos Questions.

Vieram as brutas e obrigatórias Smell the Bacon, Lockdown, It's time, Spit on your grave. Era impressionante a energia vinda do palco e do público, fazendo qualquer um suar, independente de onde você estivesse.

Freddie agradeceu inúmeras vezes pela presença de todos, principalmente por ser uma segunda-feira, onde muitos abriram mão de tempo pra poderem estarem ali presentes, recepcionando a banda.

Canções do calibre de Can't stop, won't stop, Down by law foram celebradas do começo ao fim. Já que a banda não se apresentava no Brasil desde 2017.

Dentre os intervalos Freddie falou da importância de não ter grade em frente ao palco, e que não haveria separação entre banda e público, que todos eram um só, pra que todos pudessem curtir e cuidar uns dos outros pra ter uma noite de diversão garantida.

Não faltou peso e rapidez como em: Rev.up, Never had it, C.T.Y.C (Rip), Across your face, destaque pro batera Mike Justain, que detonava na velocidade e condensava com um balanço espetacular.

Eram saltos dos mais insanos a cada momento, deixando admirado o vocalista tamanha intensidade que se via nas danças e nas rodas.

Até uma garota argentina com um vocal impressionante, tomou de assalto o microfone e pôs a casa abaixo com uma potência gigantesca, deixando a banda embasbacada.

Freddie convida o público pra incrível HeavenHell, uma pérola da noite. Entre pedidos do público veio Look My Way, que diga-se de passagem, é uma das melhores canções do grupo. Era hora de For my enemies, Face to face, Get Out.

Freddie também falou da importância da família, dos amigos, e do Hardcore na vida das pessoas e deixar as coisas fúteis pra depois, e principalmente de haver respeito de uns com os outros.

O fim veio com Born Strong e 100%, um fim apoteótico pra quem ainda sobreviveu há mais de uma hora do puro suco do hardcore nova iorquino.