Megadeth faz show hipnótico com desfile de "hits"

Com apresentação única no país, o quarteto norte americano surpreende crítica e público

RESENHA

German Martinez Fotos por Ricardo Matsukawa (Mercury Concerts)

4/19/20244 min read

Era fato que havia uma leve desconfiança de como seria uma nova perfomance do Megadeth no Brasil. Uma pela saída do aclamado guitarrista brasileiro Kiko Loureiro e outra pelo nível dos vocais de Dave Mustaine poderia apresentar, já que o mesmo superou o câncer de garganta.

O que se via aos arredores do belíssimo Espaço Unimed, bem localizado na zona oeste de São Paulo, vizinho de casas como Audio Club e próximo ao Allianz Parque, era o público dos mais distintos, desde uma juventude sedenta por Thrash Metal ou veteranos "headbangers", já habituados com a banda norte-americana por aqui.

Após uma virada na meteorologia de quarta para quinta feira, a noite se tornou mais áspera e só foi acalentar na apresentação da banda.

Pontualmente às 21:30 a banda adentrava ao palco, a escolhida pra dar ás boas vindas foi a única canção do disco mais recente da banda, "The Sick, the dying...and the dead!", serviu de aperitivo de entrada.

Pra muitos um verdadeiro debut, pra outros a afirmação de serem um dos maiores baluartes do estilo dentro do Metal Mundial. Com uma formação um tanto quanto global, contando com o finlandês Teemu Mäntysaari nas guitarras e com o belga Dirk Verbeuren nas baquetas e James Lomenzo igualmente norte-americano como Dave. Fizeram esquecer pelos menos por aquele momento de outras formações que a banda já teve, devido ao empenho desenvolto por todos.

Pouco comunicativo, mas um simples sorriso no rosto e desfilando riffs e solos clássicos Dave Mustaine, caminhava por todos os lados do palco, agraciando os fãs mais fervorosos que ocupavam ali o "gargarejo". Entre as imagens que se viam nos telões, o público em êxtase cantando todas as canções como se não houvesse amanhã.

A mastigável "Skin on my Teeth" seguida por "Angry again" e "Wake up Dead", mostravam o impecável trabalho de iluminação e sonorização do show que foi um destaque á parte da apresentação, tamanha dedicação e a entrega de qualidade ímpar.

A escolha totalmente acertiva da banda foi destilar um show de "Greatest hits", o que cativaria ainda mais crítica e público. E categoria foi o que não faltou numa sequência que foram executadas faixas "In my darkest hour", "Countdown to exctinction" e o megahit da MTV "Sweating Bullets".

Com uma casa bem cheia, eram gritos por todos os cantos e obviamente onde dava, acabava rolando um "bate cabeça". Este que vos escreve chegou a duvidar de "Dystopia" não seria incluída no setlist, já que a mesma não havia integrado alguns shows dos nossos "hermanos" argentinos.

Veio uma trinca de canções que comprovam o selo de autenticidade do Megadeth dentro do Thrash Metal, apenas com o riff de introdução de "Hangar 18", foi ovacionada pela platéia, a banda faz com o que pessoas emulem seus riffs. A belíssima "Trust", emendada com a "paulada" de "Tornado of Souls". Estava difícil respirar, devido á tal sequência.

A tão aguardada e querida "A tout le monde", uma das canções mais impactantes da face da terra e que fez abaixar um pouco os ânimos pra disparar "Devil Island", do perfeito "Peace Sells" e a destruidora "Symphony of Destruction", que em seu refrão não teve tal empolgação como na Argentina, mas que fez Dave sorrir, e os fãs bradarem "Megadeth".

Alguns diriam que faltaram canções e na nossa humilde opinião condensar tantas canções relevantes, de tantos discos pra um público como o brasileiro, que tem tamanha admiração pela banda, foi uma escolha ótima de repertório.

Já havia o ar de despedida até que Vic Rattlehead, o mascote da banda adentrou o cenário pra contracenar com a banda, na imponente "Peace Sells (But who's buying"), música da qual ganha cada vez mais peso quando se aproxima do seu refrão.

Estava estabelecido o fim, mas não poderia ficar de fora umas das maiores pérolas do espólio do Megadeth, que é "Holy Wars...the punishment due", do magistral "Rust in Peace", que definiu muita coisa na carreira da banda.

Pra quem duvidou, teve que tirar o chapéu pra Dave Mustaine e cia, pois entregaram um show com imensa categoria á altura de que qualquer fanático imaginaria que fosse.