Morphine: existe cura pra dor?

Vapors Of Morphine se encarrega de continuar o legado de Sandman

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German Martinez

2/5/20254 min read

O ano era 1999, dentro do Festival Nel Nome Del Rock, no Giardini del Príncipe, em Palestrine, Itália. Onde o Morphine se apresentava para cerca de 5.000 pessoas. Uma cidade pequena e antiga, com visual montanhoso, foi lá quando Mark Sandman, vocalista e baixista (membro fundador do Morphine), desabou no palco, o que havia acontecido é que Sandman teve um ataque cardíaco fulminante que lhe ceifou a vida.

Sem motivos ou forças pra seguir adiante Dana Colley (saxofone) e Billy Conway (baterista) decidiram encerrar as atividades do grupo, pois a maior figura do grupo havia se despedido da vida terrena.

Morphine 1989

O Morphine nascidos 10 anos antes da morte de Sandman, na cidade de Cambridge, no estado de Massachusetts, surgiu das cinzas de bandas como: Treat Her Right (onde Mark tocava com Billy Conway), Boston Three Colors (banda de Dana), Hipnosonics (Jeremy e Mark). Com uma formação nada convencional e avessa ao rock que despontava na época, eles traziam um kit básico de bateria, as várias facetas do saxofone barítono de Dana e um contrabaixo de apenas 2 cordas, tocado com slide. Apelidado por muitos de "Low Rock" ou como o próprio Sandman dizia "Fuck Rock", dando um chega pra lá em rótulos que fulminavam a indústria do Rock noventista.

Com uma voz aveludada e um "swing" apurado que a banda executava, logo chamaram a atenção de rádios universitárias e foram tocando por bares locais. Já com Billy Conway nas baquetas. O primeiro registro cheio só viria em 1992, "Good", um cartão de visitas pra quem queria conhecer a banda.

Um ano depois, nasceria o que seria pra muitos a obra definitiva do Morphine, "Cure for Pain", aflorou ainda mais a versatilidade da banda e genialidade de Sandman entre os versos de suas canções.

A MTV comprou a idéia que a banda vinha chamando atenção no circuito alternativo e revelou clipes como Thursday e Buena, gerando ainda mais impacto pro Cure For Pain. E catapultou canções pra uma juventude como: Miles Davis Funeral, In Spite Of me, Sheila.

Correndo por fora da mídia mainstream e a indústria musical que engolia toda energia e capacidade criativa dos grupos e movimentos musicais da época, o trio seguia em frente para seu terceiro álbum, Yes.

Tendo canções em trilhas sonoras de filmes, como A Mão do desejo (Spanking The Monkey), Em nome do Jogo (Get Shorty), este estrelado por John Travolta, a banda chamava atenção pela qualidade ímpar de suas canções.

O Morphine se jogou para DreamWorks, e lançou Like Swimming, ainda 1997, que apesar de uma cobrança da gravadora por um "hit", trouxe um punhado de grandes canções. Logo após disto a banda gravou o Night, que só saiu como um lançamento póstumo da morte de Sandman.

Elogiados pela crítica e por inúmeros músicos também contemporâneos de Mark, o Morphine nunca deixou que o legado morresse diante desta tragédia.

Vapors of Morphine

Exatamente uma década depois da morte de Mark, Dana que já seguia em atividade, foi convidado pra tocar no festival Nel Nome Del Rock na Itália, do qual havia registrado tal momento fatídico. A amizade e o amor pela música reviveu ali o legado do Morphine.

Com a vontade de continuar esse legado, Dana adotou o "Vapors of Morphine" pra este projeto e de lá pra cá, vem revivendo todo um espólio incrível que a banda fabricou, aliado á Jeremy Deupree e Jeremy Lyons.

Cinebiografia

Cerca de 11 anos após a morte de Mark, David Ferino e Robert Cralver, decidiram capturar a essência de Sandman desde sua infância, suas fragilidades e influências num longa metragem. Onde se pôde ver toda melancolia e sarcasmo que habitava no coração do mesmo e que expressava através de suas letras.

Sua difícil convivência com os pais, que o fizeram sair de casa, e perambular por muitos lugares, chegando a passar uma temporada no Brasil, por volta da metade dos anos 70. Já obstinado com a vontade de ter uma banda, Mark volta pras redondezas de Boston, perde seu irmão menor Roger e menos de 1 ano e meio depois, Johnny, que o abala profundamente.

A proximidade e a entrega de Dana e Billy, o fazem se aconchegar nos amigos com a terrível falta que os irmãos faziam pra ele. Mark, era bem quisto, um trovador muitas vezes solitário, do qual a família muitas vezes não o levou a sério. O filme desencadeia inúmeros assuntos e crava essa incrível linha do tempo de Sandman.

Expectativa

No dia 14/02 no Cine Joia, veremos uma parte de uma das melhores histórias que a música alternativa já produziu, que foi a caminhada que o Morphine fez durante toda uma década, e mesmo depois de tudo, tiraram forças inenarráveis pra que uma nova geração pudesse sentir o gosto do que um dia foi.

A produção do show é da Maraty, capitaneado por André Barcinski e Leandro Carbonato também diretor da Powerline, que juntos trazem no Brasil neste ano de 2025, Mudhoney, Teenage Fanclub, Clap Your Hands and Say Yeah.

O show ocorre no Cine Jóia, dia 14/02/2025, sexta feira, com abertura dos sorocabanos do Wry, que são uma das maiores referências do indie rock brasileiro e que vem apostando cada vez mais com letras em português, trazendo mais identidade ao seu som.

Ingressos:

https://www.cinejoia.com.br/eventos/vapors-of-morphine/