Otoboke Beaver traz o frescor da sua música imediata ao Brasil
Uma das atrações do Festival Índigo, o grupo japonês fez seu sideshow no sexta feira dia 31-10, no Cine Jóia
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Texto Matias Carsólio - Fotos Camila Cara
11/5/20254 min read


Otoboke Beaver desembarcou em São Paulo para tocar no Indigo Festival e nós, que amamos esta banda, tivemos um presente, um show extra em um local fechado, especificamente o Cine Jóia.
Quando digo presente, é porque é um show mais intimista é o que melhor combina com a energia destas garotas, onde dê pra sentir tudo o que elas têm a nos oferecer, de perto e em alto volume.
Banda formada em Kyoto, Japão, no ano de 2009, elas têm representado um frescor no mundo musical como um todo e especificamente no universo do punk.
Com uma proposta explosiva e bem humorada e três álbuns de estúdio na bagagem, não deixam de surpreender e de aumentar sua base de fãs pelo mundo.




Confesso que devo ter conhecido por acaso, em alguma propaganda de instagram, e assim que ouvi foi amor à primeira vista, escutei os seus álbuns um atrás do outro e fiquei que nem doido mostrando pra amigos e amigas, pois quando bandas assim aparecem devemos aproveitar e espalhar.
Pois bem, vamos ao show. Pontualmente às nove da noite elas sobem ao palco ovacionadas pelo público e começam a detonar uma bomba sonora, com uma proposta bem crua, sem muito jogo de luzes e nem projeção, somente elas ali no palco, que sabiam exatamente o que fazer.




Logo no começo me surpreendi com o público cantando junto as músicas em japonês, e não era um ou outro isolado, era um monte de gente mesmo! fato que surpreendeu até as integrantes da banda, que chegaram a mencionar em um inglês meio rudimentar, que sentiam estar num karaokê. Um fato engraçado é que a segunda cidade com mais ouvintes no Spotify delas é São Paulo, então isso talvez tenha dado a elas esse ar de “estamos em casa”.
Foram muitas pedradas, uma atrás da outra, músicas dos seus álbuns e algumas novas que ainda não estão gravadas. Uma pegada que mistura Hardcore com Garage rock e Math Rock na medida certa, com uma performance que é um caso á parte.
Costumo dizer que um bom show se dá quando a banda, em primeiro lugar, apresenta o que chamo de “respeito pelo palco”. Essa frase pra mim denomina que os integrantes, além de executarem com maestria suas músicas, possuem uma mágica magnética com o público e pra isso não existe receita pronta, pois o principal fator que apresentam é a sinceridade, o outro fator é saber a cada momento o que se está fazendo, e não precisa ser algum tipo de demonstração circense, vejamos o caso do Ramones, exemplo perfeito de show conciso e simples.




O que senti estando ali foi que esta banda se preocupa com o palco, trata ele com carinho e fazem tudo o que está ao seu alcance para apresentar algo que faça a diferença. A performance da vocalista Accorinrin, com sua postura dura e malvadona, encarando o público nos olhos e deixando uma espécie de -hey, não se metam com nós que aqui o bicho pega! Em contraste com a performance da guitarrista Yoyoyoshie, que era quem se comunicava com o público e tinha uma postura de -Hey! Vamos curtir! Inclusive ela fez questão de aprender essa frase em português, com uma pequena ajuda do público. A cozinha da banda, formada por Hiro-Chan no baixo, que manteve uma postura ramonera e tocando pra caralho, num misto de virtuosismo com força punk, acompanhada de Leo, que fez as honras e não deixou nadíssima a desejar, tocando com a força e técnica da baterista Kahokiss, que esteve ausente na tour por licença maternidade.
Foram muitas músicas, diversos momentos onde elas pediram silêncio, criando climas em sintonia com o público, que dançou e pogou todo o show, fazendo que o segundo ingrediente para um show perfeito acontecesse, a sincronía banda-público. Voltaram para o bis, que virou 'tris" e "quatris", até que finalmente acabou o show. Saímos do Cine Jóia com a sensação de que presenciamos algo muito importante, uma banda que está em seu auge criativo e performático, que está no frescor da vida e renovando o punk, o garage, o que for que elas estejam tocando, mostrando que todos estes estilos não estão acabados nem mortos, muito pelo contrário, existe vida em 2025!

