Shelter celebra a vida, com positivismo atemporal

O quarteto nova-iorquino voltava ao país após 24 anos.

RESENHA

Texto German Martinez - Fotos Tiago Rossi

12/19/202411 min read

O time escalado pra essa tarde/noite no Carioca Club, eram os locais do Against The Hero, do Distrito Federal, Mais Que Palavras, e a baixada santista representada pelo Bayside Kings.

Pontualmente o quinteto Against the Hero, já mandava seu repertório que envolvia canções do seu debut, de 2013. Agora com somente 1 vocalista, a banda não deixou de fazer uma bela apresentação. Eles que lançaram em 2024 seu novo single "Emergir", com o um excelente videoclipe diga-se de passagem.

Atitude e postura diretamente do Distrito Federal com o Mais Que Palavras, uma banda que há anos está no front, com suas pontuadas canções de anti-fascismo e pelo protagonismo pessoal de cada pessoa na cena, fizeram uma performance incendiária. Com a bandeira da Palestina sob as caixas de retorno, já demonstravam a solidariedade deste momento tão insano na história do mundo.

Faixas de destaque vieram o impecável disco Dual de 2021.

O Bayside adentrou o palco, já com uma "galera" ansiosa pra vê-los. A banda é uma das melhores bandas ao vivo do Brasil, e não é de agora, o frontman Milton Aguiar, percorre o palco de ponta a ponta, em todas as canções, fazendo que a energia de palco e público seja recíproca a cada minuto de canção.

Aquele HC com pitadas de riffs que fazem aquele Crossover crocante, as referências do NYHC, aliada á uma bateria cavalar. Sem soar redundante, como muitos imaginam, a virada de jogo do Bayside de cantar em português trouxe uma agressividade ainda maior pra uma banda que já soava pesada.

"Desobedecer" foi um dos pontos altos de um baita show que a banda entregou.

Antes de iniciar este texto sobre a vinda do Shelter, temos que levar em consideração que muitos que vão ler ou estivessem ali presentes, não haviam nascido quando Ray Cappo e John Porcelly formaram o Shelter, mas a raiz propriamente dita veio no mínimo uma década antes, e foi o Youth of Today.

Amigos desde a infância Porcelly e Cappo, já frequentadores do cenário HC/Punk de Nova York, começaram a formar suas próprias bandas. E a seminal Youth of Today veio dessa vontade dos 2. Tendo lançado apenas 3 discos e durado poucos anos, a banda foi um isqueiro pra todo um movimento da época.

Junto de bandas como Earth Crisis, Judge, Gorilla Biscuits, o Youth of Today escreveu com letras garrafais o seu nome na história do Hardcore e principalmente por manter seu posicionamento Straight Edge.

Pulamos pro finalzinho dos anos 80, quando Ray & John decidem formar o Shelter, não só uma banda de HC, mas sim que tivesse algum diferencial, pra um cenário que no momento só falava de todo tipo de violência, o Shelter veio como um balão de oxigênio pra aqueles que queriam no mínimo ter expectativa de uma vida mais plena.

Com cerca de 13 anos de atividades, que a banda durou até sua primeira pausa, foi em 1995, após 3 álbuns cheios, que a banda lançou um álbum que se tornou ícone, "Mantra", resultado do aprofundamento que Cappo tanto estudou, onde o embasamento era os princípios Hare Krishna, abordando tal tema, fez com que gerassem o álbum e dali muitos adeptos do mundo todo se agregaram ao trabalho do Shelter.

Como resposta imediata, a MTV no Brasil veiculou o clipe de "Here We Go" que já trazia na sua mensagem uma forma de encarar o amor de outra forma. O registro impactou fortemente toda uma juventude que via Cappo de ponta cabeça num clipe que não ultrapassava os 3 minutos de duração.

O sucesso foi protagonizado por essa canção, mas o álbum tinha um potencial aquém do que muitos achavam, como canções do calibre de: Civilized Man, Appreciation, Empathy.

O Shelter não parou de lançar álbuns, posteriormente vieram discos como Beyond The Planet Earth, e o emblemático When 20 Summers Pass, lançado em 2000, que teve uma bela repercussão por aqui no Brasil, com o clipe de In The Van Again, com seu ritmo Ska, e justamente foi na época que o grupo veio por última vez no Brasil.

Vamos ao show!

Abrem-se as cortinas, e é entoado o mantra de Message of Bhagavat, que abre o álbum Mantra do Shelter, riff pontual de Porcelly e uma galera ensandecida na beira do palco. Belo começo. Na sequência Civilized Man, uma das melhores canções da história da banda, mas que não deixou ninguém comportado, e sim catártico.

Cappo falou da importância de estar de volta ao Brasil e de ver que o público voltava ali pra revê-los e devolveu carinho em Appreciation.

Seguido do sentimento que deveria ser sempre aflorado em "Empathy".

Voltamos a 1993 pro Attaining the Supreme, com o baixo marcante de Better Way. O hardcore poderoso de When 20 Summers Pass fez muita gente se empolgar no pogo até os mais quietos. Ainda de 93, com rotação em baixa pra In Praise of Others.

Ray comentava sobre o seu livro De Punk a Monge (From punk to monk), lançado pela Powerline Books no Brasil, onde ele conta a experiência de vida, desde o movimento Hardcore/Punk de Nova York, o Straight Edge e sendo monge celibatário na Índia, em sua viagem transcendental. No livro ele aborda uma parte dedicada ao Brasil.

A auto-intitulada Mantra, cantada em uníssono pelo público. Dos primórdios da banda, veio In Defense Of Reality, que fez muitos vibrarem ao lembrar dessa fase inicial do grupo. Cappo perguntou se alguém se lembrava do álbum Beyond The Planet Earth e mandaram Hated To Love, com seu refrão de como a vida deve ser vivida.

A nossa canção mais esperada foi devidamente tocada, Song of Brahma, um dos melhores HC's do When 20 Summers Pass, que rapidamente nos catapultou ao início dos anos 2000 quando ainda em CD, esse registro chegou em nossas mãos, enfim, quantas recordações.

Era hora do hit do Shelter, se é que podemos assim dizer, Here We Go, todos gritando, empolgados. E assim foi.

Pro último bloco, viriam 3 canções, uma versão de We Can Work It Out dos Beatles, a faixa Saraganati do debut de 1989, Question of Certainty.

E pra finalizar a maravilhosa e hino Shelter.

E assim se encerrou mais um ciclo de energia, positivismo e esperança, pra que 2025 ainda seja melhor que este ano, e nos tornemos pessoas melhores num futuro próximo.

O time escalado pra essa tarde/noite no Carioca Club, eram os locais do Against The Hero, do Distrito Federal, Mais Que Palavras, e a baixada santista representada pelo Bayside Kings.

Pontualmente o quinteto Against the Hero, já mandava seu repertório que envolvia canções do seu debut, de 2013. Agora com somente 1 vocalista, a banda não deixou de fazer uma bela apresentação. Eles que lançaram em 2024 seu novo single "Emergir", com o um excelente videoclipe diga-se de passagem.

Atitude e postura diretamente do Distrito Federal com o Mais Que Palavras, uma banda que há anos está no front, com suas pontuadas canções de anti-fascismo e pelo protagonismo pessoal de cada pessoa na cena, fizeram uma performance incendiária. Com a bandeira da Palestina sob as caixas de retorno, já demonstravam a solidariedade deste momento tão insano na história do mundo.

Faixas de destaque vieram o impecável disco Dual de 2021.

O Bayside adentrou o palco, já com uma "galera" ansiosa pra vê-los. A banda é uma das melhores bandas ao vivo do Brasil, e não é de agora, o frontman Milton Aguiar, percorre o palco de ponta a ponta, em todas as canções, fazendo que a energia de palco e público seja recíproca a cada minuto de canção.

Aquele HC com pitadas de riffs que fazem aquele Crossover crocante, as referências do NYHC, aliada á uma bateria cavalar. Sem soar redundante, como muitos imaginam, a virada de jogo do Bayside de cantar em português trouxe uma agressividade ainda maior pra uma banda que já soava pesada.

"Desobedecer" foi um dos pontos altos de um baita show que a banda entregou.

Antes de iniciar este texto sobre a vinda do Shelter, temos que levar em consideração que muitos que vão ler ou estivessem ali presentes, não haviam nascido quando Ray Cappo e John Porcelly formaram o Shelter, mas a raiz propriamente dita veio no mínimo uma década antes, e foi o Youth of Today.

Amigos desde a infância Porcelly e Cappo, já frequentadores do cenário HC/Punk de Nova York, começaram a formar suas próprias bandas. E a seminal Youth of Today veio dessa vontade dos 2. Tendo lançado apenas 3 discos e durado poucos anos, a banda foi um isqueiro pra todo um movimento da época.

Junto de bandas como Earth Crisis, Judge, Gorilla Biscuits, o Youth of Today escreveu com letras garrafais o seu nome na história do Hardcore e principalmente por manter seu posicionamento Straight Edge.

Pulamos pro finalzinho dos anos 80, quando Ray & John decidem formar o Shelter, não só uma banda de HC, mas sim que tivesse algum diferencial, pra um cenário que no momento só falava de todo tipo de violência, o Shelter veio como um balão de oxigênio pra aqueles que queriam no mínimo ter expectativa de uma vida mais plena.

Com cerca de 13 anos de atividades, que a banda durou até sua primeira pausa, foi em 1995, após 3 álbuns cheios, que a banda lançou um álbum que se tornou ícone, "Mantra", resultado do aprofundamento que Cappo tanto estudou, onde o embasamento era os princípios Hare Krishna, abordando tal tema, fez com que gerassem o álbum e dali muitos adeptos do mundo todo se agregaram ao trabalho do Shelter.

Como resposta imediata, a MTV no Brasil veiculou o clipe de "Here We Go" que já trazia na sua mensagem uma forma de encarar o amor de outra forma. O registro impactou fortemente toda uma juventude que via Cappo de ponta cabeça num clipe que não ultrapassava os 3 minutos de duração.

O sucesso foi protagonizado por essa canção, mas o álbum tinha um potencial aquém do que muitos achavam, como canções do calibre de: Civilized Man, Appreciation, Empathy.

O Shelter não parou de lançar álbuns, posteriormente vieram discos como Beyond The Planet Earth, e o emblemático When 20 Summers Pass, lançado em 2000, que teve uma bela repercussão por aqui no Brasil, com o clipe de In The Van Again, com seu ritmo Ska, e justamente foi na época que o grupo veio por última vez no Brasil.

Vamos ao show!

Abrem-se as cortinas, e é entoado o mantra de Message of Bhagavat, que abre o álbum Mantra do Shelter, riff pontual de Porcelly e uma galera ensandecida na beira do palco. Belo começo. Na sequência Civilized Man, uma das melhores canções da história da banda, mas que não deixou ninguém comportado, e sim catártico.

Cappo falou da importância de estar de volta ao Brasil e de ver que o público voltava ali pra revê-los e devolveu carinho em Appreciation.

Seguido do sentimento que deveria ser sempre aflorado em "Empathy".

Voltamos a 1993 pro Attaining the Supreme, com o baixo marcante de Better Way. O hardcore poderoso de When 20 Summers Pass fez muita gente se empolgar no pogo até os mais quietos. Ainda de 93, com rotação em baixa pra In Praise of Others.

Ray comentava sobre o seu livro De Punk a Monge (From punk to monk), lançado pela Powerline Books no Brasil, onde ele conta a experiência de vida, desde o movimento Hardcore/Punk de Nova York, o Straight Edge e sendo monge celibatário na Índia, em sua viagem transcendental. No livro ele aborda uma parte dedicada ao Brasil.

A auto-intitulada Mantra, cantada em uníssono pelo público. Dos primórdios da banda, veio In Defense Of Reality, que fez muitos vibrarem ao lembrar dessa fase inicial do grupo. Cappo perguntou se alguém se lembrava do álbum Beyond The Planet Earth e mandaram Hated To Love, com seu refrão de como a vida deve ser vivida.

A nossa canção mais esperada foi devidamente tocada, Song of Brahma, um dos melhores HC's do When 20 Summers Pass, que rapidamente nos catapultou ao início dos anos 2000 quando ainda em CD, esse registro chegou em nossas mãos, enfim, quantas recordações.

Era hora do hit do Shelter, se é que podemos assim dizer, Here We Go, todos gritando, empolgados. E assim foi.

Pro último bloco, viriam 3 canções, uma versão de We Can Work It Out dos Beatles, a faixa Saraganati do debut de 1989, Question of Certainty.

E pra finalizar a maravilhosa e hino Shelter.

E assim se encerrou mais um ciclo de energia, positivismo e esperança, pra que 2025 ainda seja melhor que este ano, e nos tornemos pessoas melhores num futuro próximo.