Shonen Knife: celebram seu espírito juvenil em noite paulistana
Após 44 anos de existência, o trio de Osaka, desembarcou pela primeira vez no Brasil
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Texto German Martinez - Fotos Raíssa Corrêa
12/17/20255 min read


E quem diria que veríamos o Shonen Knife em terras tupiniquins, quando a Maraty/Powerline anunciaram que seria uma das bandas favoritas de Kurt Cobain, a pisar por aqui em dezembro, as opções que vieram á tona, foram os The Vaselines, Meat Puppets, ou quem sabe os Melvins. Mas ledo engano, a surpresa foi que as garotas seriam a atração principal.
Anunciada anteriormente pro Cine Jóia, o show foi remanejado pro Fabrique Club, nada muito complicado, já que na primeira opção seria no centro da capital, e o outro na zona oeste, nem tão longe assim. E por obra do destino, ou seja lá o que isso possa significar, o show foi marcado pra cedo, já que o domingo é o dia de voltar pra casa, pra ver os gols do Fantástico.






Alguns dias antes, a curiosidade era quem poderia abrir o show das japonesas, e pra isso foi escalado o duo Morcegula, pra tocar às 18:00. E pouco mais de 12 minutos depois, o duo já se ajustava no palco do Fabrique. O duo, que não é somente um "duo", é um casal, formado por Rebeca Li e Henrique Badke, um carioca e uma mineira. A banda vem entrelaçando sua paixão pelo garage rock, punk rock, e pitadas de rockabilly pra um som deveras distinto do que costumamos ver por aí.
Amparados por uma bateria tocada de pé, sem a necessidade de pratos e uma guitarra Flying V, o Morcegula traz aquela acidez do garage-punk. As letras falando do cotidiano, de horror e muito maís. Sem deixar de ter seu lado cômico em algumas canções. Coisa que funciona muito bem pra Henrique, que compõe as letras, e fez uma trajetória longeva com os cariocas do Carbona, clássico trio de punk rock, do fim dos anos 90.




Trabalhando no seu terceiro disco de estúdio, que a banda deve lançar em 2026, as faixas tocadas permearam pelos dois primeiros álbuns do duo. Esta era a última apresentação do duo em 2025, e isso já lhes causava uma felicidade, por haverem tocado por várias cidades do país e culminaram dividindo palco com o Shonen Knife.
Dentro do repertório faixas como: Chicletes no bolso, Morcegula Boogie Blood, Todos São Roberto, Ratazanagem, Godzilla, mostraram todo aquele veneno de The Cramps, The Gories. No bloco final mandaram uma versão do clássico garageiro Demolición do Los Saicos, considerada a primeira faixa garage punk da história da América do Sul. Rápidos e certeiros, deixaram o palco pouco antes das 19:00.




Após shows de 5,6,7,8's, o furacão Otoboke Beaver, e a piração do Boris, entre outros bandas naturais do Japão, era hora de despedir o ano com o Shonen Knife. O público já bem mais velho em comparação ao que foi o furor do show do Boris, cerca de uma quinzena atrás, nem de perto tinha aquela selvageria juvenil e desvairada. Cravado no horário, Naoko Yamano, sua irmã Atsuko Yamano, e Risa Kawano entraram no palco, já sendo aplaudidas.
Abriram o set com faixas como: Konnichiwa, passando pela clássica Twist Barbie, um dos pontos altos do show, e que obviamente fazia referência a Kurt, que adorava a canção. Pessoas mais controladas, mais velhas, um público seleto pra uma banda que atravessa 4 décadas de trajetória. Na platéia figuras como Gabriel Thomaz, Cazé Pecini, Edgard Piccoli, olhavam atentamente para o palco. Som tinindo sem nada fora do lugar, enquanto Risa, a baterista, soava firme e trazia mais consistência pra performance do trio. Vestidas com seu típico uniforme com detalhes que possuem as cores azul, rosa e amarelo. Elas encantavam a platéia a cada sorriso.




Jump Into The New World, é a prova viva do Bubblegum praticado pela banda, totalmente açucarada, e uma das mais belas da noite. Em homenagem ao povo mexicano e suas comidas típicas elas fizeram Vamos Taquitos, mas em São Paulo, elas descobriram que a coxinha é um dos alimentos mais queridos dos paulistanos, e fizeram sua versão Vamos Coxinhas, no fim, Naoko também falou do pão de queijo.
Com ligação com animais, Naoko falou do amor pelo bichinho em Capybara. Atsuko assumiu os vocais na "ardente" Wasabi. Sweet Candy Power, fazendo a platéia interagir na hora do refrão "chiclete". Animaram também o público com faixas como: Concrete Animals, I'm a Cat, Afternoon Tea, Sushi Bar, com sua temáticas adocicadas de animais, comidas e etc.






Com E.S.P. foi como entrar numa máquina do tempo e ir pra 1996/1997, e ver de novo o divertidíssimo clipe da faixa, falando sobre o poder extra sensorial de uma garota, do álbum Brand New Knife. Com quase quarenta 45 anos de carreira, mais de 20 álbuns lançados, turnês ao redor do mundo, a banda não para, tanto que em 2023, lançou o mais recente álbum Our Best Place, recheado de boas canções, tanto que algumas faixas do setlist do show eram desse disco.
Um dos "hits" da banda veio na sequência com toda leveza de Banana Chips. Quase se despedindo veio Riding On The Rocket e Pyramid Power, e a excelente Buttercup (I'm a Super Girl), que fez todo sentido ao seu figurino e temática, com a canção que fez tema pro desenho Meninas Superpoderosas e encerrou o setlist. No bis teve direito a Pinhead dos Ramones, Antonio Baka Guy e Lazybone. E assim foi, uma noite divertida, colorida e cheia de bons fluídos, a simpatia do Shonen Knife foi contagiante, fazendo um show de puro amor ao punk rock básico e cheio de doçura.

