Shonen Knife traz toda sua doçura ao Brasil

Antes de existir um trio formado só por garotas na cidade de Osaka, uma belíssima cidade do Japão, e considerada a terceira maior do país, entre suas típicas flores de cerejeira e sua característica de selva de concreto, é um lugar que nunca para, e uma das coisas mais legais da cidade eram os times de futebol da cidade, e se você assim como nós, cresceu jogando J.League (Prime Goal/Super Soccer) ou as primeiras versões de Winning Eleven, vai se lembrar que o campeonato japonês era já algo clássico dos games, e lá nos tínhamos o Cerezo Osaka (que nada tinha ver com meio campista Toninho Cerezo, que depois seria figura constante no campeonatos por virar técnico do Kashima Antlers), e os nossos favoritos do Gamba Osaka, 2 dos principais times da liga, um fundado nos anos 50 e outro no começo dos anos 80, quando a liga tomou outras proporções, 2 times que fizeram a cidade ser mundialmente conhecida pelos seus clássicos desafios do "Derby de Osaka", ou seja, os rivais se encontravam em campo.

Foi a partir disso que Osaka ganhou um lugar ao sol, e foi justamente dessa cidade conhecida pela sua temperatura amena e cercada de árvores frutíferas mas construções urbanas e modernas, que 2 irmãs e uma amiga, montaram uma banda de garagem. Qual era a primeira pretensão? Era soar como os Ramones, sendo que naquela altura os norte americanos viviam da repercussão de álbuns como Pleasant Dreams e Subterranean Jungle, e essas 3 garotas queriam pegar o que havia de melhor e transformar numa banda. A paixão era tanta que após 30 anos, elas gravaram álbum Osaka Ramones, prestando tributo aos ídolos de Nova York. Mas não era somente disso que elas se influenciavam, pois gostavam de The Jam, Buzzcocks, com pitadas de Bubblegum.

Formada por Naoko Yamano na guitarra/vocal, também pela sua irmã Atsuko na bateria e Michie Nakatani no baixo, o trio iniciou suas atividades em 1981, todas ainda adolescentes, acabaram refletindo tudo que viviam nas suas letras, de forma simples e descomplicadas, ainda aprendendo a tocar, mesmo que seja de forma simples, elas aprenderam 2 acordes e tentaram viabilizar tudo que era possível desta forma. O nome teve origem de uma marca de canivetes que fabricava o produto naquela época no Japão. Atsuko estudava moda e foi a responsável pelo figurino colorido, uma marca registrada da banda.

No ano seguinte gravaram seu debut que virou uma fita K7, foi somente em 1983 que o álbum cheio da banda intitulado de Burning Farm, deu a luz ao mercado japonês. Foi com esse disco que a banda acabou chegando aos ouvidos dos norte americanos, através da K Records (do mestre Calvin Johnson, vocalista/guitarrista do Beat Happening), que lançou o álbum em terras Yankees.

A virada de chave, foi certamente nesse registro que chegou nos EUA, onde elas passaram a ser conhecidas, mesmo que num nicho estreito do som alternativo, alguns anos depois o Sonic Youth iria pro Japão, e tocaria em Osaka e as convidou pro show de abertura. Com essa conexão com os nova- iorquinos, o trio saiu do Japão pela primeira vez e foi pra Los Angeles, dividir uma data com a banda de Kim Gordon e com os maravilhosos Redd Kross. Só que o muitos não sabiam é que já havia uma gama de pessoas que adoravam as japonesas, tanto que em 1989, criaram um álbum tributo á banda, com participação de mais de 20 bandas, homenageando o grupo que naquela época já tinha quase uma década de estrada, nele participaram bandas como: L7, Lunachicks, Sonic Youth, Babes In Toyland.

Em 1991, elas lançaram o disco 712, e foi aí que Kurt Cobain já fanático pelo grupo e que ainda não havia lançado o Nevermind, as convidou pra uma turnê européia, Kurt se emocionava ao vê-las tocar todos os dias. Um grande detalhe a tudo isso, foi que as garotas não conheciam o Nirvana, apenas por fotos, e o contato na época eram apenas por cartas. Nessa excursão elas ensinaram Kurt a tocar Twist Barbie, e ele tocou com o Nirvana algumas vezes essa canção. Dali em diante, o Shonen Knife, entrou pra lista de bandas favoritas de Cobain assim como: The Vaselines, Meat Puppets, Melvins.

Devido a essa conexão com os norte-americanos, a banda foi convidada a excursionar com o festival itinerante Lollapalooza, no ano de 1994. No mesmo ano, a banda gravou uma versão impecável de Top Of The World, num tributo aos Carpenters.

A banda nunca parou de lançar discos, com uma frequência inimaginável, o disco mais recente Our Best Place de 2023, é um dos álbuns mais legais da discografia da banda, e seguem sendo consideradas um dos grupos mais relevantes do país, muito antes que achem o som delas é "hype", baseado no que muitos jovens no atual momento tem como percepção do cenário japonês. Atualmente a formação além das irmãs Yamano, entre guitarra-vocal e baixo, tem Risa Kawano, na posição de baterista.

A banda se apresentará ao lado Morcegula, no domingo 14/12, agora com local novo, Fabrique Club,

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