Siena Root acolhe sua redenção em show exclusivo em São Paulo

Após um show curto no domingo ao lado dos japoneses do Boris, a banda mostrou que é impecável ao vivo

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Texto German Martinez - Fotos Raíssa Corrêa

12/4/20255 min read

Após uma abertura nada "feliz" no domingo no Fabrique Club, onde a banda teve que se espremer no palco, lidou com o atraso e ainda teve problemas técnicos durante sua performance, era a chegada hora da redenção do grupo.

Sempre apostamos as fichas na banda, e na nossa cabeça o que ficava era que eles eram muito maiores do que todos esses problemas enfrentados pela capital paulista. Desta vez a banda se apresentaria pra um público já mais velho, mais controlado, mas não menos fervoroso pelo som setentista, coisa que não ocorreu no show de domingo.

Por ser numa terça feira, um dia corrido pro morador da capital, as bandas acabaram tocando um pouco depois do previsto, enquanto o público ia chegando na Iglesia, situada no bairro de Pinheiros, zona oeste de São Paulo. Um dos fatos mais assertivos da noite, foi escolher o Hammerhead Blues, pra abrir. Uma das bandas que mais representam o som calcado nos 60/70's no Brasil, e já velhos amigos da Abraxas (responsável pelo show ao lado da Powerline).

É complicado falar de uma banda que já tem cancha dentro do underground, que apesar ter apenas 2 discos e 1 EP, é uma banda que já possui mais de 10 anos de trajetória. Formados William Paiva, na bateria, Luiz Cardim, nas guitarras, e Otávio Cintra, no baixo/vocal, eles traduzem tudo que foi bom nos anos 70, e introduzem seu próprio estilo que já foi criado desde sua estréia Caravan Of Light (inclusive lançado pela Abraxas, em 2017). O trio veio bem alinhado musicalmente pra essa performance, com sabedoria do que a casa lhe pudesse proporcionar como qualidade de som.

Após o belíssimo disco After The Storm, disco lançado em 2024, e que a banda vem promovendo. O show é o ápice de todo esse trabalho do trio, boas referências, técnica e por último e o mais importante, a entrega que a banda faz ao vivo, é um detalhe que se deve abrir parágrafo. A banda é uma constante fusão de Blues, Hard Rock, e muito anos 70, no qual bandas como Purple, Ten Years After, lhe servem como referência, mas com seu formato também os aproxima da sonoridade de bandas como Cream, Blue Cheer, ou Jimi Hendrix Experience, surgem com pitadas ali pra abrilhantar ainda mais o som da banda.

No set, faixas que merecem destaque são: Around The Sun, do álbum After The Storm; Age Of Void, do primeiro EP da banda, e Drifter, do Caravan Of Light, mesclando então 3 fases do grupo, e exibindo parte da sua discografia ao vivo. A derradeira canção teve direito a Luiz, se debruçando sob sua guitarra e abusando dos efeitos que ela pudesse proporcionar, sem contar com o pulsar de William que muita lembra John "Bonzo" Bonham.

Movimentação rápida, enquanto o Hammerhead Blues já desplugava tudo, os suecos já se aconchegavam no pequeno palco da Iglesia, já com tudo a postos, Zubaida Solid nos vocais/órgão, Sam Riffer no baixo, Love Forsberg na bateria, Johan Borgström na guitarra. A banda vem promovendo seu mais novo disco gravado ao vivo, de forma analógica como é de praxe no estilo, as canções foram captadas na icônica casa alemã Kulturbahnhof Jena, a famosa "Kuba".

E foi começar a primeira canção We (Over The Mountains), pra que tudo que havia passado na nossa mente era verdade, a banda merecia esse show exclusivo, pra um público deles, tocando com uma banda com características parecidas, e dessa vez isso foi acertado em cheio. Com uma banda já menos nervosa, e caminhando pelo local, assistindo o show do Hammerhead, e conversando com o público, o Siena Root entrou bem mais confiante, e muito mais alinhado.

Foi bonito de se ver, quando vieram canções como Tales Of Independence e Organic Intelligence, que é uma das nossas favoritas, e aí tudo fez sentido, Forsberg tocando mais solto e mais pesado, pelo espaço agradável do kit usado, o baixo preciso de Sam, os timbres e variações de guitarra de Johan, puderam ser ouvidos com mais detalhes e vocal de Zubaida, que vocal meus amigos , que vocal, que notas altas que de tão alto que ela canta, se ouviam seus gritos fora do microfone. Não podemos deixar de citar que Zubaida entrou definitivamente pra posição de vocalista há poucos mais de 5 anos, no álbum The Secret Of Our Time e logo depois veio Revelation, um dos melhores discos de 2023.

A banda havia tocado também no Rio de Janeiro no sábado, no dia 29/11, e deu também autógrafos por lá e também na capital paulista. Em Into The Woods, passeou pela psicodelia e foi a hora de viajar mesmo nenhum entorpecente. Above The Trees, foi uma das mais incendiárias da noite, que canção, que execução. O fato notável é que quando Zubaida vai pro órgão, as canções são mais melancólicas, mas quando ela vem pra frente do palco, aí ela incorpora, e nisso é óbvio que você cria referências como Janis Joplin, Grace Slick, Elin Larsson.

Aquele "timbraço" de Wishing For More e Time Will Tell, foi levando o ritmo pro fim do show. A icônica Imaginary Borders foi impecável, pra abrir espaço pra Root Rock Pioneers, e fechar a tampa do caixão, mas fomos surpreendidos por um bis, mediante a energia da banda e a recíproca da banda, eles voltaram pra tocar Outlander e Waiting for The Sun, que muito faria sentido, pois nada melhor que o sol de uma nova manhã pra se renovar de todas as energias, o Siena certamente despertou com a certeza de dever cumprido no Brasil.