Stone Temple Pilots desfila sucessos que atravessa gerações

Quarteto californiano fez sua quinta passagem pelo Brasil, e se apresentou para um público sedento

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German Martinez

5/29/20255 min read

Como é fazer uma analogia á história que o Stone Temple Pilots já gerou? É um tanto complexa, já que a saída de um vocalista tão performático, e importantíssimo pra trajetória da banda não estar mais presente na banda, é um peso que não deve ser fácil de ser carregado. Scott já havia deixado o STP, em 2013, sendo substituído por Chester Bennington, mesmo que provisoriamente aquilo foi uma adaga nos corações dos mais saudosistas fãs, pois Scott era a cara do STP, e não haveria banda se não houvesse Scott, acontece que com seus vários problemas com drogas, e não só dele, mas todos os outros sofreram com abuso delas, queiram ou não. Scott viria a falecer, dois anos depois após sua saída oficial da banda e todo um sonho viria cair por terra, pois muitos fãs no Brasil por exemplo já não veriam performances como a do finado Credicard Hall, em São Paulo em 2010 ou no Swu, em Paulínia (interior de Sao Paulo), no ano seguinte.

Eis que a necessidade de seguirem tocando, Eric Kretz, e os irmãos de De Leo, fizeram como o Alice In Chains, recrutaram alguém pra ocupar o cargo difícil que Scott tinha, Jeff Gutt, correu por fora e chegou conquistando o coração de uma legião de fãs e ganhando o ódio de uma outra fração. Mas o que importa na realidade? Colocar Jeff, possibilitou que uma nova geração conhecesse o espólio do STP, e por outro lado fãs antigos, torceram o nariz por adotarem um vocalista que muito copiava os trejeitos e se comparava muito ao tom de voz, de Scott.

O fato é que o STP, sobreviveu, sendo uma das bandas mais relevantes do seu cenário na Califórnia, no início dos anos 90 deu sequência a um trabalho formidável, que apesar de inúmeros problemas, não seriam julgados pela qualidade dos discos que fabricaram na década de 90, e quiçá também algumas obras ainda nos anos 2000.

Voltando pra nossa realidade atual, o STP agendou 2 shows no Brasil, um seria na quinta-feira, no Terra SP, na na capital paulista, e o outro em Brasília, no Festival Porão do Rock. O que se pôde testemunhar nessa noite é que seria uma grande celebração ao estilo que o STP criou e tocariam grandes sucessos do grupo.

A princípio o que seria um show unicamente da banda, acabou que o quinteto de Las Vegas (Nevada- EUA) Velvet Chains, foi o aqueceu os motores dos poucos espectadores que haviam até o devido momento. A banda permeia pela praia do Hard Rock, e fez um show em torno de 50 minutos.

A casa foi enchendo logo depois do Velvet Chains, e com o cronograma exato, o Stone Temple Pilots adentrou o palco. O que viria ser era uma grande festa. Com o trio entrando antes que Jeff e já sendo aplaudidos de pé, a banda deu início aos trabalhos com a belíssima Unglued, do magnífico Purple, dando espaço pro vocal marcante de Jeff, e chamando o público pra interagir. É incrível ver como os detalhes de canções como Wicked Garden ainda seguem notáveis.

Tirando Eric e Dean, baterista e guitarrista, Jeff e Robert usavam óculos escuros talvez pra evitarem os raios de luz, que sobressaíam do palco. O caso do STP ele é causado por amor e ódio, muitos achavam que Scott emulava os vocais de Eddie Vedder, e foram vendidos como uma cópia maldita do grunge, já que a banda era californiana. Mas como obra do destino e da criatividade da banda foi além do álbum Core, e se tornaram gigantescos, e como desmerecer isso? Não há como, pois só nesse primeiro álbum, a banda colocou em seu setlist nada menos que 6 músicas, ou seja, Core viria pra ficar, gostem ou não.

A estrondosa Vasoline com seu riff repetitivo de guitarra e linha de baixo inebriante e a pulsante Big Bang Baby, faziam que o público se aproximasse cada vez mais, com as interações de Jeff com a platéia, e gritos ensadecidos ecoando pelo recinto. O riff pesadíssimo de Dean em Down e com a voz impecável de Jeff, ajudaram a subir a temperatura do show. A faixa marcou a presença única do álbum N°4 no repertório.

O público cantou todas as faixas, exatamente todas, e se formos analisar ao pé da letra, quem consegue executar um repertório de aproximadamente 90 minutos, enfileirando hits, um após o outro? Pearl Jam? Alice In Chains? Coincidentemente todas bandas contemporâneas do STP. Veio uma sequência do Purple com nada mais nada menos, que Silvergun Superman, Meatplow, Still Remains foi dedicada a Scott assim como em todos os shows. As luzes deram uma trégua pra que Robert falasse com a platéia e Dean iniciasse a introdução da maravilhosa Big Empty.

A performance de cada um no palco é de encher os olhos, enquanto Dean De Leo, mergulha nos seus riffs, efeitos, e estraçalha sua guitarra em forma de música, no lado contrário, vemos grande parte das melhores linhas de baixo construídas nos anos 90 pelos dedos minuciosos de Robert, com uma classe descomunal ao canto esquerdo do público. Eric é o vigor da banda, alternando peso quando requisitado e melodia noutros momentos fazem do trio, um time e tanto. Jeff entra com sua simpatia, e com um vocal potente, que quando exigido ele comparece e faz bonito.

Era hora de um dos maiores hits da banda, e se na Argentina o público cantou o refrão de Plush, aqui não foi diferente quando Jeff empunhava o microfone pra platéia. Já era de esperar que Creep não fosse inserida no set. Pois para essa turnê, a banda já havia limado a faixa. Óbvio que fez muita falta, mas mediante tantos sucessos, Creep ficaria no imaginário dos espectadores pela voz de Scott.

Depois da emoção de Plush, a vibe não cairia com Interstate Love Song, cantada do início ao fim pela platéia. E ainda havia lenha pra queimar e veio a furiosa Crackerman, seguida Dead & Bloated, que personificam o estilo que a banda criou no álbum Core. Muitos aplausos, e a poética Trippin' on a hole in a paper heart, traz toda a versatilidade de Dean na sua guitarra, e um refrão extremamente poderoso, que Jeff cantou brilhantemente, de onde nasceu o título do livro de Scott Weiland, Not Dead & Not for sale (Não estou morto e nem à venda), recentemente lançado no Brasil, pela editora Belas Letras. E foi impossível não vir na sua mente os clipes na MTV.

Quando retornaram com o bis, tocaram a lenta e um tanto despretensiosa Kitchenware and Candybars, botando um pré no freio da empolgação geral da platéia. O fim esperado assim como já havia feito em muitos outros shows antecessores, viriam as necessárias Piece Of Pie, obra prima do Core. E finalizariam com o petardo de Sex Type Thing, fazendo alegria dos aficcionados por vídeo games por serem trilha do jogo Gran Turismo 2, e que resultou com Jeff se jogando na platéia, pra celebrar essa noite vitoriosa. Foram 17 canções em pouco mais de 1:30 de apresentação, um espólio dos mais invejáveis da história do rock contemporâneo, vindo de uma banda tão genial, como é o STP.

Os anos 90, já se encerraram há cerca de quase 2 décadas e meia, e quem viveu ali naquele momento vai guardar recordações das mais belas, com as canções que o Stone Temple Pilots geraram pra nós, saber tudo que já se passou com a banda, dos momentos difíceis de outrora, não há quem supere Scott Weiland e nem queremos que isso aconteça, mas o que Jeff & Cia, fizeram foram seguir um legado que é no mínimo emocionante a cada vez que se vê de perto.

Obs: Infelizmente nossa fotógrafa não foi aprovada pra registrar o show, e sim pudemos realizar resenha.