Stone Temple Pilots: sobreviventes da cena

O quarteto californiano volta ao Brasil, e se apresenta em Brasília e São Paulo.

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German Martinez

2/27/20257 min read

Escalados pro Porão do Rock em Brasília e uma única data na capital paulista, a banda vêm pra mostrar seu legado de quase 40 anos.

Os shows ocorrem 22/05 no Terra SP, localizado na zona sul de São Paulo, e no Estádio Mané Garrincha, dia 24/05, em Brasília, ambos ainda tem ingressos disponíveis que podem ser adquiridos através dos links.

São Paulo: https://meaple.com.br/rider2/stone-temple-pilots

Brasília: https://poraodorock.digitalingressos.com.br/porao-do-rock-brasilia

História

Quando o ainda garoto Scott Weiland, já se apresentava com sua banda Soi-Disant pelos arredores da Califórnia, foi aí que ele conheceu um baixista "endiabrado", e esta figura era Robert De Leo, o cara tinha subido ao palco numa performance da banda de Scott, e deixando ele boquiaberto. Depois de um sumiço que não se viram por algum tempo, passaram a frequentar os shows locais, foi daí que Scott e Robert, convidaram Eric Kretz, pra montarem uma nova banda, eis que faltava a peça fundamental dessa engrenagem, um guitarrista, sendo recomendado pelo próprio irmão Dean De Leo, recusou o convite a princípio, mas logo se rendeu.

Estava formado ali o embrião, ainda sob o nome Mighty Joe Young, que mais tarde descobririam que era o nome de um músico de blues, até então eles já tinham rodado parte da Califórnia com esse nome. Não se sabe se os caras já queriam os holofotes logo de cara, mas o que de fato ocorreu foi que assim que decidiram optar pelo logo do óleo famoso nos Estados Unidos, Stp, que eles nomearam de "Stone Temple Pilots", eles receberam num show o convite de gravar com a gigante Atlantic, obviamente aceitaram o convite e já estavam com o Core, totalmente engatilhado pra entrar em estúdio.

Um disco que chacoalhou o cenário na época de seu lançamento em 1992, Core, logo chamou atenção do público, mas foi fulminado pela crítica aos acharem que eles emulavam as bandas do cenário grunge de Seattle. Mesmo sendo californianos eles foram jogados no rótulo "in voga" do momento. Tocando por tudo que era lugar, no ano seguinte foram agraciados com o Grammy, pela canção "Plush", apenas uma do punhado de hits que o disco rendeu.

Um disco de estréia que tinha a funkeada Wicked Garden, a ligeira Crackerman, a maravilhosa Creep, as selvagens Dead & Bloated e Sex Type Thing, além de faixas como Naked Sunday, Where the river goes, entre outros.

O estrondo foi tanto, que a MTV nada boba, os convidou pra gravação de do seu Unplugged, em 1993. Um sucesso absurdo, gravado em Nova York. Ainda em 1993 o STP foi convidado a gravar uma versão do Kiss, que faria parte do tributo Kiss My Ass, mas a gravadora não permitiu que eles fizessem parte do projeto, foi quando a banda no Roseland Ballroom, em Nova York, a banda decidiu se pintar como cada um dos integrantes do Kis, como forma de retaliação a atitude da gravadora, a noite ainda contou com Butthole Surfers e Flaming Lips.

Com tudo voando como eles imaginavam, no backstage as coisas não vinham muito bem, e logo pausaram as atividades por um tempo, e acabaram voltando em 1994, agora com Purple, um disco que já com sua capa, que revelava desenhos chineses que encobriam a heroína que Scott comprava e parecia tão singelo, mas que no conteúdo trazia faixas como Vasoline, Pretty Penny, Interstate Love Song.

As drogas faziam parte do cotidiano do grupo, e todos possuíam problemas com elas, uns muitos e outros nem tanto, em 1996 a banda volta a se reunir pra lançar Tiny Music...Songs from the vatican gift shop. Cheio de canções melancólicas, como Tumble in the rough, e sucessos como Big Empty e Trippin' on a hole in a paper heart. A banda já se destacava fortemente pela veiculação dos seus videoclipes que logo alcançavam o topo das paradas musicais.

Lá pelo fim dessa turnê, no meio de uma entrevista pra uma radio norte-americana Robert e Dean, anunciavam que a banda não seguiria turnê, sem o próprio Scott saber do ocorrido, o cancelamento foi levado adiante e cada lado da banda, foi em busca de novos projetos, Scott lançou um disco solo 12 Bar Blues e Eric, Dean e Robert, juntaram o Dave Coutts e montaram o Talk Show, uma banda que tinha muito mais a ver com o STP.

Foto por John Ederc

Entre idas e vindas eternas, eles se reuniram pra gravar o No.4, um disco mais "rockeiro", com um hit imediato de "Sour Girl", que alcançava o incrível número de 1 milhão de cópias só nos EUA. Pouco tempo depois, Scott vai parar no "xadrez" novamente. E era um atropelo de emoções, com um fim meio que já esperado, eles ressurgem com Shangri-LA DEE DAA, Days Of the Week se destaca, mas sendo um disco abaixo das expectativas, que acaba não emplacando e resulta numa separação do grupo, um ano depois.

Com todo mundo de saco cheio de tudo, a banda entrou num limbo, Scott se uniu ao Velvet Revolver com Duff Mckagan, Slash, Matt Sorum & Dave Kushner. Onde lançou 2 belos discos, Contraband e Libertad. A banda chegou a tocar em São Paulo junto do Aerosmith no estádio do Morumbi, e no Rio de Janeiro, no Citibank Hall, em abril de 2007.

Por outro lado o restante da banda se juntou a Richard Patrick do Filter e montam o Army of Anyone, fazendo shows pelos EUA. Como num passe de mágica, Scott anunciou que se desligaria do Velvet e antecipou a notícia que voltaria a pegar estrada com os velhos amigos do Stone Temple Pilots pra uma turnê que desenhava com um número impressionante de 65 datas, que logo causou desconfiança com público e mídia, que a turnê ja viria sendo arquitetada antes da própria saída de Scott do Velvet.

A volta de 2008, os impulsionou a gravarem o sexto álbum de estúdio. Em 2010 o grupo tocou pela primeira vez no Brasil se apresentando no extinto Via Funchal, e lançou disco homônimo, que foi lançado sem tanto impacto, um disco já um pouco cansado, mas que por outros olhos era tratado como um respiro da banda.

Em novembro de 2011, realizado na cidade de Paulínia, o SWU, o festival que se encaminhava pra sua segunda edição, traria pro seu line up, nomes como: Down, Alice in Chains, Faith No More, Primus, Duff Mckagan, Megadeth, e o Stone Temple Pilots, fariam daquele dia, um dos momentos mais históricos de festivais no Brasil.

O Stone Temple Pilots, não pegou nada leve, e fez um show impecável, trazendo o melhor do seu setlist. Pra muitos o show foi morno, pra outros memorável.

Tendo declarado a demissão de Scott, e lutando pelo nome do grupo, o que seria um tanto quanto contraditório, já que ele havia formado a banda, o resto da banda encararia frente a frente, uma sequência de presença nos tribunais pra quem manteria o direito do nome banda, que acabou sendo vencido pelo trio Eric, Robert e Dean.

Com Scott novamente fora da banda, os remanescentes foram atrás de um novo vocalista, e foi recrutado ninguém menos que Chester Bennington, frontman do Linkin Park, com quem a banda havia dividido uma turnê mais de uma década antes.

O convite gerou o EP High Rise, que deixou Chester na banda por mais 2 anos, e acabou se desligando do grupo devido aos compromissos familiares e do Linkin Park. Após a saída até então amigável de Chester, muitos apostaram suas fichas na volta da formação original, já que não se sabiam quantas inúmeras vezes, eles brigavam e voltavam.

Eis que no final de 2015 tomou de assalto todas as mídias, a notícia que ninguém gostaria de ouvir, Scott viria a falecer, abusando de uma overdose de drogas sintéticas, cocaína e álcool, que aliado aos seus problemas cardíacos agravaram e o levaram ao óbito.

Aquele dia, foi um daqueles dias onde o rock morreu novamente, um dos gênios incompreendidos tinha se despedido da vida terrena, mas deixando um legado que poucos terão a capacidade de borrar. O que Scott trouxe pra todo um cenário, foi algo imensurável, o seu talento pra escrever letras tão emotivas, na grande maioria sendo auto-biográficas, trazendo uma identificação ainda maior pra aqueles fãs que a banda cativou. Os excessos, os vícios, o colocou no pedestal de pessoas como Kurt Cobain, Christian Cornell, Mark Lanegan entre outros.

Incessantemente Robert, Dean e Eric, realizaram vários testes e acabaram não assumindo publicamente, mas haviam recrutado Jeff Gutt, que ficou com a árdua tarefa de substituir a figura de Scott e Chester.

Em 2017, vítima de um suicídio Chester Bennington, foi declarado morto, e mais uma fração de fãs sucumbiu a mais essa triste notícia.

Em 2018, já com Jeff Gutt estabilizado na formação, lançaram mais um álbum homônimo e Perdida em 2020. Em 2023 a banda se apresentou no Summer Breeze em São Paulo.

São mais de 3 décadas influenciando novas e velhas gerações, então o mínimo que podemos esperar destas performances é que sejam explosivas como tudo que a banda fez durante sua trajetória.

Foto principal : Michelle Shiers