The Casualties celebra a contestação política e união, em noite paulista

Quarteto norte americano fez alegria de uma nova/velha safra do punk rock

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Texto German Martinez - Fotos Tiago Rossi

6/23/20255 min read

Em mais uma empreitada assertiva, as produtoras Xaninho Discos e Caveira Velha Produções, trabalharam pra que os norte- americanos do The Casualties viessem pra América do Sul.

A turnê passaria por países como El Salvador, Guatemala, Argentina, Uruguai até que caíriam no Brasil, e mais precisamente no icônico Hangar 110, lugar mais do que perfeito pra uma noite de punk rock. Que dispensa mais comentários pela importância que a casa tem no cenário não só paulistano, como pro Brasil.

Amigos de Supla, de quando ele morava em Nova York, o The Casualties tocou junto do seu amigo de longa data, em algumas ocasiões. Mas pra São Paulo, as honras da casa seriam feitas pelo Agrotóxico, uma das bandas mais atuantes e fundamentais do nosso cenário paulista.

Músicas altamente convidativas ao pogo não faltariam como: Eles Não Vão Parar, Lobotomia Geral, ou Neoliberalismo Em Ataque Frontal.

E aquela sonoridade finlandesa e inglesa, fez com que destruíssem tudo com faixas como É O Fim Do Mundo, Epidemia, Números de Guerra. O petardo de Bom Dia Bagdá, faz do Agrotóxico uma das bandas mais necessárias do nosso país, e que logo embarcam pra uma turnê de 20 datas pela Europa.

Falar sobre o The Casualties não é somente falar de um som "porrada", de um show de um pouco mais de 60 minutos, vai muito além disso, muitos dirão que a banda já não é mais a mesma, porque realmente sua formação já mudou há muito tempo. Quanto a banda começou no início dos anos 90, ela foi sofrendo uma metaformose, mas a essência da contestação sempre esteve ali presente.

O The Casualties queria trazer o Street Punk pros anos 90, influenciados por nomes diretos como The Exploited, GBH, English Dogs, entre muitos outros. Só que tudo isso vinha agregado ao pano de fundo de que é sua cidade natal, a caótica Nova York, desde os anos 70, e berço de bandas de como Ramones, New York Dolls, Blondie, mas muita coisa não havia mudado quando eles surgiram, as políticas sociais locais, a repressão policial, tudo isso foi fruto de inspiração pra que a banda falasse a verdade das ruas.

O The Casualties já foi chutando muitas "bundas" quando foram se apresentando pelas primeiras vezes, e foram ganhando notoriedade ao passar dos anos. O icônico vocalista Jorge Herrera, acabou sendo substituído por outras pessoas, até que David Rodriguez assumisse o posto de vocalista, em 2017. Difícil função? Sim, era uma banda que havia criado uma referência com seu vocalista. Mas curiosamente David, fez jus ao posto e sobressaiu, e não somente ele, como o restante da banda vêm de outras formações do grupo. Mas que em nada atrapalha pra que sigam levando sua mensagem por onde passam.

Na matinê do show anterior, este realizado pela Solid, no mesmo dia 21/06, o Comeback Kid, veio pra destruir o ambiente com seu hardcore poderoso, ao lado do Never Look Back. Só que com horários um tanto quanto apertados trouxe algumas dificuldades pro show do The Casualties que viria depois. Após o show do Agrotóxico, aparentemente a passagem de som foi feita repentinamente causando um certo atraso na performance dos nova-iorquinos, que acabaram entrando no palco com quase 20 minutos de atraso.

O backdrop seria um dos atrativos do show, um muro pichado com o logo gigante da banda, e símbolos de anarquia e Oi!, mesclado á alguns títulos de suas canções. Só por isso, o visual já te pegava. E se no mês passado nós perdemos de ver o visual exótico de Wattie do The Exploited, por motivos de saúde, desta vez os moicanos imponente de David Rodríguez no vocal, Jake Kolatis na guitarra e Doug Wellmon, aliados á careca lustrosa do baterista Marc "Meggers" Eggers, eram os impactos visuais frente ao palco.

O The Casualties traz o punk das ruas, do subúrbio, da realidade nua e crua, cantadas através da veracidade de suas letras. A sirene tocou e pau quebrou com Under Attack, e o ódio á polícia com 1312, com o coro de geral no refrão. Get Off My Back foi insana, com direito a cuspida de cerveja de David.

E os caras eram um poço de simpatia, todos eles sorrindo, interagindo com o público que estava ensandecido desde o primeiro acorde, de Written in Blood. David ajudava pessoas no stage dive, dava a mão pra que não caíssem, e incitava pra que o circle pit se tornasse cada vez maior em Chaos Sound, e assim foi, tomando grande parte do Hangar. Mas tal violência (sadia), fez com que crianças fossem pro stage dive pra se tornar noção do quão divertido estava o pogo.

David convidava pra que tudo mundo cantasse, dançasse. E veio Ashes Of My Enemies e Nightmare. Um pouco mais da metade do show já havia se passado quando veio o maior hino do grupo, fazendo todo mundo pular em We Are All We Have.

Rápidas como um míssil, Resistance e On The Front Line, trouxe a fase antiga da banda pro repertório. Um dos pontos altos viria com a icônica Pigs on Fire. David pediu gritos ao Cólera, já que um fã subiu ao palco com a camiseta do "Pela Paz Em Todo Mundo".

Made in NYC, que logo foi carinhosamente apelidada de Made in Brazil pelo guitarrista Jake, pelo seu apreço pelo público local.

Era hora de homenagear os culpados de tudo isso, foi quando tocaram Blitzkrieg Bop dos Ramones. Em Running Through The Night, David correu pelo palco e subiu no bumbo e queria pular direto pra galera, deu um pequeno passo e se jogou, levando o público ao delírio e cantando junto cada estrofe da canção.

Vieram Riot, Basta e Punk Rock Love dedicadas as esposas e namoradas dos integrantes da banda. My blood, My life, Always Forward. As luzes cessaram, com um possível fim, mas mandaram Corazones Intoxicados e Unkown Soldier.

Caótico, rápido e divertido, foi o saldo positivo dessa noite