T.S.O.L. & Adolescents realizam dobradinha histórica em São Paulo

O dia 29 de novembro de 2025 não foi uma data qualquer ou apenas mais uma no extenso calendário de shows do mês de novembro que passou por uma avalanche de eventos e shows para todos os públicos e gostos.

Especificamente em São Paulo, no Cine Jóia, casa localizada no bairro da liberdade, região central da cidade, fãs de Punk Rock presenciaram uma dobradinha clássica e porque não histórica com os shows das bandas T.S.O.L. e Adolescents, e abertura da banda Treva.

O evento, promovido mais uma vez pela querida New Direction Productions (NDP), ocorreu no ano em que os álbuns de estreia das duas bandas principais, “Adolescents” e “Dance With Me”, lançados em 1981, completam 44 anos de existência, trazendo para o evento uma baita responsabilidade de transformar essa festa em algo memorável e inesquecível. E segurando a peteca, as bandas não decepcionaram os fãs apaixonados presente no local, com setlists de mais de 20 faixas, focadas nos álbuns "aniversariantes", ainda assim, incluíram outros clássicosagradando a gregos e troianos.

O Cine Joia que foi enchendo aos poucos, lotou minutos antes do T.S.O.L. subir ao palco, energia, calor e animação não faltou por parte da galera que não se intimidou com a altura do palco. Antes mesmo do início dos shows diversos fãs tietaram Jack Grisham vocalista do T.S.O.L que com seu belo charuto passeava pelo Cine Joia logo quando a casa abriu as portas, fazendo a felicidade de alguns fãs que pediram foto, outros autógrafos e ele se divertindo e conversando com todos.

Treva

A banda paulistana Treva que foi escolhida para abrir o evento, começou às 18h45 em ponto com as entradas de Felipe Ribeiro (guitarra e vocal), Gian Coppola (bateria), Felipe Skid (guitarra) e Eduardo Moratori (baixo) iniciaram o show com o público ainda tímido chegando ao local o que não foi empecilho para que a banda entregasse um show muito bem feito e digno de elogios dos que chegaram cedo para prestigiar os músicos.

A banda apresentou em seu curto setlist músicas como “Novo Amanhã”, “Meu Sofrer”, “O Passado que Se Tem” e “Onde Morre o Sol”, em performances animadas e enérgicas. O Ápice ficou para o finalzinho quando o ambiente um pouco mais cheio teve a participação do público em, “Renasce em Dor”, que trás em sua letra trechos de momentos de superação o que muitos ali se identificaram e participaram ativamente cantando ou levantando os punhos a pedido do vocalista.

Eis que surge True Sounds of Liberty...

Sem muita enrolação o palco foi rapidamente trocado e um piscar de olhos bastou para que o Cine Jóia lotasse por todos os lados, era outro ambiente, cheio de fãs em sua grande maioria +35, todos aguardavam ansiosos pela entrada da trupe do T.S.O.L. que sem sombras de dúvidas era sim a banda mais aguardada da noite- dias antes havia sido relatado em uma entrevista que seria a última passagem da banda pelo país pois estão planejando entrar em hiato - muitas pessoas estavam lá pelo T.S.O.L e não só pela história clássica de uma das lendas do Punk Rock mundial mas por vê-los juntos- quem sabe?!- pela última vez.

Com uma pontualidade quase que britânica os californianos subiram ao palco, cinco minutos mais cedo que o previsto, Mike Roche (baixo), Ron Emory (guitarra, vocal) e Antonio Val Hernandez, (bateria) entraram primeiro e ovacionado pelo público o icônico vocalista Jack Grisham que com um traje social "á la alfaiataria" desde o primeiro passo no palco, se mostrou imponente com seu porte e perfomance não muito habitual a bandas do gênero.

“Sounds of Laughter” foi a primeira música das 21 do setlist que contou sete somente do álbum “Dance With Me” (1981) debutante da noite. Com casa lotada, os ânimos não poderia estar melhor, moshs ou melhor pogos abertos marcaram por diversos momentos o que estava sendo escrito.

E mesmo com uma pequena falha no microfone na música "Terrible People", nada interferiu na interpretação de Grisham que em alguns momentos incentivava a abertura de pogos e em outros diminuía o ritmo e a intensidade da apresentação como em “Die For Me” clássico que foi entoada totalmente por Ron, que tocava guitarra e cantava enquanto Jack dava uma pausa no canto do palco, observando o caos na pista e a entrega dos companheiros de palco. O guitarrista também cantou “80 Times” e inflamou o mosh, que cresceu com a entrada de mais fãs resultando em uma catarse coletiva.

O auge total do show veio quando Jack Grisham voltou ao posto de vocalista, com os movimentos de um lado para outro, acompanhado das palhetadas iniciais de Mike Roche para “World War III”. E continuou em “Abolish Government / Silent Majority”, medley que tanto fez Grisham cantar com mais intensidade, quanto fez o público cantar, a plenos pulmões.

Grisham com pose de galã de novela fez questão de discursar e agradecer pelos 36 anos de banda e pela parceria dos fãs nessa caminhada que não foi enfatizada como última, mas que havia nas entrelinhas algo sutil. Para nós fãs uma bela despedida diga-se de passagem.

Adolescents somente no nome

Com o público se recuperando do atropelo que foi o T.S.O.L às 21h00 iniciou a subida dos integrantes do Adolescents. Confesso que seria interessante se o T.S.O.L fechasse o evento ao invés do contrário porém minha modesta opinião é totalmente irrelevante diante do que foi o show principal da noite. Mike Cambra (bateria), Brad Logan (baixo), Ian Taylor (guitarra rítmica), Dan Root (guitarra principal) e o lendário Tony Reflex (vocal) subiram pontualmente ao palco.

E assim como o T.S.O.L., os membros do Adolescents trouxeram muitas faixas do álbum de estreia que, no caso da banda de Fullerton, Califórnia, é o autointitulado de 1981. E “L.A. Girl” foi a grande abertura que, logo de cara colocou fogo na pista do Cine Jóia com um mosh imediato e até mesmo os primeiros stage dives na parte baixa do palco.

A impressão positiva de Tony Reflex veio na frase gritada ao final da primeira faixa: “São Paulo, What The F*ck???”. O público retribuiu a reação positiva com mais energia a partir de faixas como “Monolith at the Mountlake Terrace” e “Escape From Planet Fuck” hits que intensificaram ainda mais os moshs com direito a Stages divings- que não ocorreu na apresentação da banda anterior. Se minutos antes tínhamos o caos na pista mas ninguém "voando" do palco isso definitivamente não foi igual com o Adolescents.

Em “Lockdown America”, até mesmo fãs mulheres se entregaram aos constantes Stages divings e “Rip It Up” provou que a galera estava incansável, assim como a banda, que seguia enérgica e sem pausas para conversa, era uma música seguida da outra, sem descanso para se recuperar.

Mas apesar de todos os momentos caóticos nada tenha sido tão enérgico quanto o maior hit da noite “Amoeba” que era aguardada como o momento principal da apresentação e se confirmou desde as primeiras notas, a entrega do público foi um show a parte, tinha tudo quanto é gente misturado no caos mas sem dúvidas o que chamou mesmo a atenção foi uma criança que era levado de um lado para outro durante o mosh, ele fez a diferença ali, cantou, sentou no palco, observou, pulou, agitou e foi o maior "Adolescent", que estava no local.

Músicas clássicas como “OC Confidential”, “Losing Battle” e “Let It Go” estavam presente no setlist e foram entoadas em alto e bom som como se o mundo fosse acabar naquele sábado a noite, mantendo a energia da banda e do público lá no alto. Finalizando um pouco depois das 22h00 veio “Do the Eddie”, que virou praticamente um chamado para vários stage divings e para a divisão do microfone que parecia não incomodar nenhum pouco o frontman da banda que aparentemente se divertia com a euforia dos brasileiros.

A noite memorável foi marcada por um clima amistoso e democrático como o punk rock prega e tem que ser, para todos! Seja o adulto, o jovem ou aquele quase adolescente que representou o respiro da nova geração chegando por ai, temos esperança de que o legado está sendo ensinado direitinho-Parabéns aos pais do menino! Foi lindo de se ver.